O Jardim dos Simples, também conhecido por Jardim dos Cheiros e por Jardim dos Terceiros, está localizado junto ao Museu dos Terceiros de Ponte de Lima, instalado nas duas casas religiosas associadas à Ordem Franciscana: o Convento de Santo António dos Capuchos e o edifício da Ordem Terceira de São Francisco.
Este jardim resulta da recuperação, em 2002, com o contributo do Arquitecto Paisagista Francisco Caldeira Cabral, do antigo jardim conventual existente no local, a partir de desenhos do século XIX e de uma fotografia do início do século XX, que nos remetem para um espaço ajardinado cercado por um muro, com um tanque central.
Os jardins conventuais eram locais de contemplação e de cultivo de plantas com propriedades medicinais e de tempero, o que levou a autarquia limiana a reimplantar no mesmo local um “jardim dos simples”, designação atribuída a estes espaços desde a Idade Média, onde eram cultivados os “simples de origem vegetal”, ou seja, as plantas medicinais utilizadas para fins terapêuticos.
Entre os jardins dedicados ao cultivo de plantas com virtudes medicinais destaca-se o Jardim dos Simples de Florença, criado em meados do século XVI, que se transformou num grande centro de estudos e de investigação botânica, de importância internacional, constituído actualmente por um património vegetal de cerca de 9.000 exemplares de plantas.
Portugal também se afirmou no século XVI como um dos países mais influentes no contexto universal das ciências, nomeadamente através de grandes figuras como Duarte Pacheco Pereira, Pedro Nunes, D. João de Castro e Garcia de Orta, homens que estiveram na linha da frente da revolução científica encetada no período do Renascimento e que deram um importante contributo para a história das ciências.
Entre as obras então publicadas, destaca-se o livro de Garcia de Orta Colóquio dos Simples, e Drogas e Cousas Medicinais da Índia, um notável tratado de medicina tropical publicado em Goa, em 1563, que nos remete para os jardins dos simples. Traduzido em latim, italiano, francês e inglês, entre 1567 e 1604, este livro constituiu o primeiro contributo científico europeu para o conhecimento das plantas medicinais orientais, com enorme repercussão à escala europeia.
O Jardim dos Simples de Ponte de Lima, que recupera e evoca o jardim do Convento de Santo António dos Capuchos e da Ordem Terceira de São Francisco, distribui-se por três espaços de cultivo diferenciados: o espaço central à volta do tanque com plantas medicinais, a que se segue o jardim dos cheiros, com plantas aromáticas e, de ambos os lados, o jardim dos temperos com plantas destinadas à culinária.
Tanto o Jardim dos Simples como o Museu dos Terceiros, referência na arte sacra do norte do país, podem ser visitados de terça-feira a domingo, encerrando à segunda-feira.
Fotografias: Amândio de Sousa Vieira
