Foral de D. Teresa a Ponte de Lima de 4 de março de 1125

 

Foral de D. Teresa a Ponte de Lima de 4 de março de 1125


 

 

Tradução de António Matos Reis

 

Em nome de Deus e da indivisa Trindade.

Eu, Rainha Dona Teresa, filha do rei Afonso, (desejo-vos) saúde no Senhor.

Aprouve-me fazer couto a vila no supra-nomeado lugar de Ponte,

decreto e determino firmissimamente como será para sempre desde já, 4.° dia antes das Nonas de Março da era de 1163.

Eu Rainha faço couto aos homens que aí quiserem habitar.

O seu termo parte por foz do Trovela e dai por entre a vila Sendin e Domez, e daí pela Pedra Rodada, e depois sobe ao castro de Gaia e desce a Portela de Arca e vai a Mirancelhe e daí ao Lima.

Se alguém tentar infringir o meu decreto, pague seis mil soldos;

e se alguém fizer mal aos habitantes da supradita vila fora do seu couto, pague quinhentos soldos;

se alguém fizer alguma “coima” fora do seu couto e ai não for detido, seja livre;

e se alguém fizer algum mal aos homens que de qualquer terra vierem à feira, tanto na ida como na volta, pague sessenta soldos.

[11] Os que habitarem na vila pagarão das suas casas um soldo por ano, e terão as suas “cortinhas”sem qualquer tributo;

as herdades que os habitantes desta vila tiverem fora do seu termo fiquem coutadas;

do que colherem nas terras arroteadas paguem um terço e das não arroteadas um quinto.

Eu, Rainha Teresa, e meu filho Afonso, Rei, assinamos por mão própria esta carta.

Testemunhas:

Conde Fernando confirmou

Conde Gomes Nunes conf.

Paio Vasques, mordomo da cúria, conf.

Sisnando Ramires, governador de Riba Lima por mandado da Rainha, conf.

E muitos outros homens bons.

Paio, Arcebispo de Braga.

Pedro notou.

 

 

O Foral de D. Teresa a Ponte de Lima (1125)

Versão livre e poética de Cláudio Lima

 

Publicado no Boletim Municipal de Ponte de Lima
N.º 34, de fevereiro de 2025

 

Em nome de Deus e da indivisa Trindade.

Eu, Rainha D. Teresa, filha de Afonso VI

Porque vos quero de verdade

E sou sensível à vossa lealdade,

Declaro minha vontade expressa em texto,

 

Em que vos concedo régio foral

Neste ano da graça de 1125

Fazendo couto à população local

E a quem nesta vila, seu solo e areal

Quiser viver e laborar em paz e afinco.

 

Deixo, ademais, consignado em lei

Que quem ousar infringir este meu feito

Causando dano ou pena à limiana grei

Sofra as pesadas coimas que exarei

Sem perdão ou brandura a tal respeito.

 

Também estabeleço como nulo o apelo

De quem atentou contra os feirantes;

Antes seja punido com rigor e zelo

Perante tão vil e bárbaro atropelo,

Em atitudes cruéis e degradantes.

 

Neste ato vos declaro como isentos

De onerosas obrigações fiscais

E leves sejam as taxas sobre emolumentos

Suaves as multas sobre incumprimentos

Privilégios e benesses mantenham-se legais.

 

Seja eficaz e perene este Foral

Que com desvelo e empenho hoje vos lego

Autenticado com o meu timbre real

- Eu, Teresa, Rainha de Portugal

Garante de união, de progresso e de sossego.

 

Janeiro de 2025

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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