O conceito que inspirou este jardim, Genius Loci, tem sido utilizado por vários autores em diversas áreas, e em todas elas se resume ao conjunto de factores distintos que descrevem um Lugar, sendo responsáveis pela sua identidade e pelo seu espírito.

Este jardim exige do visitante algo mais que os cinco sentidos; pede que sinta o espaço como um todo e que o interprete à luz das suas experiências e memórias. No seu conjunto, a par dos aromas, dos sabores, das imagens, dos sons e do toque, resulta uma interpretação do espaço única e pessoal, que poderá vir a ser repetida ou não. Genius Loci é um jardim que pretende atrair a população para o despertar dos sentidos nas nossas paisagens, representando os principais habitats da zona de Ponte de Lima e da região, partindo do litoral para o interior.

O principal objectivo da intervenção é transmitir aos visitantes a vontade de sentir e experimentar as paisagens portuguesas de uma forma mais dinâmica.

O projecto representa um percurso que percorre o território, atravessando os habitats mais característicos da região, sempre acompanhados pelo relevo e pela vegetação própria de cada lugar. Desta forma, a interpretação da paisagem é sintetizada em quatro habitats principais.

O percurso inicia-se numa zona de praia, como se tivessemos chegado numa embarcação pelo Litoral Norte do País – o jardim de dunas que alude às paisagens do litoral. Ao ligar as praias ao interior do território, o perfil de vegetação evolui para uma zona de matos baixos, acompanhando a morfologia do terreno e retratando as serras.

De seguida, a paisagem evolui para um jardim de bosque, caracterizado por um estrato arbustivo e arbóreo, representado pela vegetação autóctone dessas formações em Ponte de Lima. A irregularidade do relevo das serras é acentuada por uma zona de clareira, um vale mais alargado, também próprio das margens do Rio Lima. No final do percurso, surge uma linha de água e respectiva paisagem ribeirinha que a acompanha.

Ao longo das quatro unidades de paisagem criadas, os sentidos são invocados de diversas formas. Os aromas, as texturas, as formas, os contrastes de luz e sombra, as brisas e os ventos, o relevo, os sons e a paleta de cores que compõem cada habitat combinam-se de forma única, resultando num espaço com carácter próprio – um Lugar.