Concepção da ideia e concepção técnica
Sandro Del Lesto – Arquiteto
Silvia Giuffrida – Arquiteta
Martina Pappalardo – Arquiteta
NaCl Team – Arquitetura e Paisagem
Produção
Município de Ponte de Lima
A caixa de Pandora pode ser comparada à árvore da qual Adão e Eva comeram o fruto proíbido, renunciando para sempre ao Éden. Zeus havia confiado a caixa a Pandora, dizendo-lhe para deixá-la sempre fechada. Porém, motivada pela curiosidade, Pandora desobedeceu a Zeus e, abrindo a caixa, libertou todo o mal do mundo. Antes de a caixa ser aberta, assim como para Adão e Eva, a humanidade vivia livre do mal, do trabalho e da discriminação: os homens eram imortais como os deuses. Depois de abrir a caixa de Pandora, o mundo tornou-se um lugar desolado, escuro e inóspito.
Durante a Idade Média, também chamada de “Idade das Trevas”, os únicos a cuidar dos jardins eram os monges, que fechados dentro das paredes das suas abadias e mosteiros, criaram com o Hortus Conclusus o paraíso terrestre descrito na Escritura. O Hortus Conclusus, nas descrições literárias e na iconografia do tempo, é um jardim protegido por um muro alto, separado por ele do mundo exterior, santificado por uma fronteira inviolável: fora o mundo físico e tangível, dentro o divino, o sobre-humano.
O projeto visa recriar essa dicotomia: cinco paredes, símbolo das cinco religiões mais professadas no mundo (Cristianismo, Islamismo, Budismo, Hinduísmo, Religião Tradicional Chinesa) configuram-se como protetores e guardiães do que permaneceu no fundo da caixa de Pandora: ter esperança.
A esperança de um lugar melhor, além do mundo terreno, para recriar aquele jardim prometido a homens bons e sábios por muitas religiões.
Com base na consideração acima, "A caixa de Pandora" é um jardim que consiste em três partes. Na entrada, um ambiente seco caracterizado por cascalho negro conduz ao mundo terreno, onde aparecem as primeiras formas vegetativas. Por fim, uma cascata, símbolo de purificação, marca o acesso ao sobrenatural: um ambiente separado do resto, rico em vegetação de formas suaves, cores tênues e brilhantes, fragrâncias agradáveis onde se pode caminhar, sentar, relaxar e refrescar. Embora nem todas as religiões acreditem na vida após a morte, para todos os homens, no fundo da caixa de Pandora, há a esperança de fazer da vida um jardim que floresce a cada primavera.
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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