Concepção da ideia e concepção técnica
Fabio Azevedo da Silveira – Arquiteto
Produção
Município de Ponte de Lima
O fim do mundo pode ser um lugar geográfico no limite do conhecido, como era concebido pelo Ocidente antes das grandes navegações, e também o fim de um ciclo, época ou era.
Este jardim inspira-se no astrolábio, antiga ferramenta náutica utilizada nas grandes navegações entre os séculos XVI e XVII para entender a esfera celestial, num esforço no sentido da compreensão dos territórios e a possibilidade de explorá-los.
Os antigos conceitos e parâmetros não são suficientes para nos salvaguardar de um futuro imprevisto e talvez assustador diante das crescentes demandas ambientais e os seus desafios, mesmo com os atuais avanços científicos.
Baseando-se numa estrutura inspirada na geometria do astrolábio, mas descontinuada, interrompida e aberta, com seus “dentes” – medidas do tempo e distância e, ao mesmo tempo, encaixes que nunca se encontram –, propõe-se assim uma poética do descontínuo e do imprevisto.
O Lago, na forma elíptica, representa a projeção de uma sombra da esfera sobre um plano. E, também a dinâmica da nossa própria órbita entorno do astro central, através do reflexo no espelho d’água, lembrando-nos do quanto somos pequenos diante dessas “circunstâncias” que possibilitaram a nossa existência.
No solo arenoso e ondulado, e nas ervas e flores distribuídas pelo jardim como ressurgimentos espontâneos, busca-se a ideia de desertificação – um solo exaurido pelo excesso de exploração e mal-uso dos recursos –, ao mesmo tempo em que a natureza da vida e sua biodiversidade reaparece com vitalidade e esperança.
O solo de cascalho-areia representa o deserto gerado por nós ao longo do tempo, onde coexistem estruturas desnudas, em ruínas, destituídas de significado.
As flores aparecem espontâneas e plenas de vida surgidas das ruínas desertas como um mistério a fazer a diversidade.
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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