PONTE DE LIMA
É nova pelo aspecto sorridente
De todo o seu conjunto singular
E velha no dizer de toda a gente
Pela sua existência secular.
É nova porque lembra no presente
Um lindo ramalhete a despertar
E velha no passado auriluzente
Que enriquece um arquivo modelar!
Oh! esta minha terra é afinal
Velha na idade e nova na figura
Que eu estou a gravar no coração.
Ela tem por contraste um ideal:
É tão nova p’la sua formusura
Como velha p’la sua tradição!
In: Elucidário Regionalista de Ponte de Lima, 1950
A PONTE (excerto)
Um monumento! Uma das mais formosas
Canções de pedra que há em Portugal,
O granito das eras gloriosas…
Numa revivescência nacional.
Trinta arcos… alguns de volta plena
Duma ponte romana primitiva
Que o seu passado mais remoto encena,
Sendo todos os outros em ogiva.
E sobre um deles góticos sinais,
De secular cadeia unindo os elos,
Anotam um escudo: – Armas reais
De Portugal com dezasseis castelos.
Assim, os idos tempos memorando,
Edita a pedra citações históricas,
A obra de Dom Pedro assinalando
Entre duas figuras alegóricas.
Ao meio dela, as águas vêm dizendo,
Ergue-se num mainel a cruz tranquila,
No seu tronco divino suspendendo
O brasão simbolístico da Vila.
E quase ao fim, no templo luzidio
Da Torre Velha, o santo taumaturgo
Benze o noivado dela com o rio
Que o nome dá ao limiano burgo.
Vetusta ponte! Grito do passado
Que o coração da raça eleva e exorta…
Como velha trombeta em som magoado
Entoa os hinos da grandeza morta.
In: LIMIANAS
A VILA (III)
Vila heróica! Leal aos juramentos,
Zelaste sempre o nome do país,
Defendeste na era de Trezentos
O caro Dom João, Mestre de Avis!
Nas caravelas dos descobrimentos
Os teus filhos de peitos varonis
Chegaram ao Japão, em cursos lentos
Pelas ondas inóspitas e hostis!
Por isso em ti a pátria mais cintila!
A ponte e o rio numa eterna boda
Deram timbre ao escudo aventureiro
Das tuas gerações… e, assim, ó Vila,
Tu palpitaste com a raça toda
Como se fosses Portugal Inteiro!
In: LIMIANAS
MONTE DA MADALENA (excerto)
Monte da Madalena,
Ermidinha em bucólica devesa,
Onde o povo desfruta, à vista plena,
O fluvial trajecto
Na vastidão da sua correnteza!
Com a capela a branquejar, cimeira,
– Logradouro comum de velha estima
De todos nós retiro predilecto –
És na florida cerca da ribeira
O mirante do Lima!
In: LIMIANAS
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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