História de uma promessa a Santo Ovídeo

 

História de uma promessa a Santo Ovídeo



Uma proposta de solução para o esventramento do Monte de Santo Ovídio



João Araújo Pimenta



É desde a antiguidade que as belezas das paisagens da Ribeira Lima permanecem temas relevantes nas obras literárias de autores nacionais e estrangeiros. Este idílio bucólico sofreu, nas últimas décadas, impune e lamentavelmente, variados insultos perpetrados pela mão humana. Destes, avulta o esventramento do Monte de Santo Ovídio e das suas colinas circundantes, consequência das explorações graníticas realizadas pelas empresas aí instaladas. Factor de grande interesse económico para o concelho, esta indústria extractiva opera agora sob legislação e vigilância da tutela, de molde a se evitarem os antigos atentados ecológicos aí praticados.

Contudo, lá permanecem as múltiplas clareiras, sequelas das antigas extracções, que continuam a poluir a paisagem e a ser alvo de comentários pouco abonatórios, provenientes da população pontelimense e dos turistas. Perante um cenário dramático cujo extermínio se tem revelado moroso, cumpre-nos avançar uma tentativa de solução: o lançamento de um concurso de ideias, no âmbito da arquitetura paisagística, visando a eliminação desses buracos. Além disto, surgirá, com tal medida, ocasião propícia para a escolha de um consagrado arquiteto (Álvaro Siza Vieira?) para, aproveitando as escavações e o granito existentes, elaborar o projeto de um anfiteatro para aí se celebrar espetáculos de várias artes performativas. Não propomos obra faraónica, a igualar um Teatro de Epidauro, mas contentar-nos-íamos se o projeto tentasse igualar as excelentes condições acústicas desse auditório...

Uma sugestão utópica? Mesmo assim persiste a esperança, tal como nos diz Fernando Pessoa : “esperar por D. Sebastião, quer venha ou não!”. Anseio que até nos permite manter viva a hipótese do êxtase que poderá ser vivenciado num concerto sinfónico inaugural nesse anfiteatro, ao ouvir-se, entre outras peças, o prelúdio de “Tristão e Isolda” de Richard Wagner.

Finalmente, e para o bom êxito da nossa proposta, só nos resta esperar pelo aparecimento de muitos mecenas e fazer uma promessa a Santo Ovídio. Obtida a graça, irei cumprir a tradição ofertando-lhe uma telha, que tem de ser roubada.

Publicado na revista O Anunciador das Feiras Novas  n.º XXXIX, ano de 2022

 


Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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