Ponte Velha é o nome geralmente dado ao conjunto da parte romana e da parte românica, também conhecida por parte medieval, da primeira ponte construída sobre o rio Lima, em Ponte de Lima.

Esta ponte tinha um passeio de cada lado, o que a tornava muito estreita e constituía um perigo para os peões. Para além disso, proporcionava enormes discussões e os inerentes atrasos quando dois veículos se encontravam frente a frente. Ninguém queria ceder e as filas iam aumentando, quase chegando ao conflito.

A ponte era tão perigosa para os peões que muitos foram atingidos na sua integridade física. Recordo uma mulher que foi esmagada contra o amparo.

Para além disso, tinha um piso inadequado ao trânsito.

Dado o trânsito de veículos pesados ir aumentando de forma significativa, pedi ao Serviço de Pontes da Junta Autónoma de Estradas que enviasse um técnico para verificar a segurança da ponte. Acompanhei a visita do Eng.º Barreiros Cardoso que – sem por em dúvida a segurança – disse que havia pedras dos arcos levemente deslocadas.

Iniciei então diligências junto do Ministro das Obras Públicas (Eng.º Oliveira Martins) para se proceder a uma reparação a fundo da ponte e sugeri-lhe que se retirasse o trânsito automóvel. Aquele membro do governo veio a Ponte de Lima em finais de 1988, tendo esta visita sido decisiva para a execução das obras e dado ânimo à minha decisão – que há quem diga “teimosia” – de encerrar a ponte ao trânsito.

Advoguei esta decisão que foi muito polémica e, mesmo a nível dos vereadores, não mereceu total apoio. Com a proximidade das eleições autárquicas (1989) a rejeição à minha ideia aumentou de modo significativo. Não faltavam pessoas a garantir que fechar a ponte ao trânsito significava perder as eleições.

Era tal a minha convicção de que era indispensável fechar a ponte ao trânsito que resolvi arriscar. Era convicção e quando existe convicção é preciso dar-lhe expressão. Teimoso, não; firme nas convicções, sim.

Dizia-se que a minha decisão não passava de teimosia. Não era teimosia.

As obras foram feitas com a retirada dos passeios e pavimentação em laje, tal como hoje se encontra.

Tinham razão os que não concordavam comigo. Resultado: perdi as eleições. Não me arrependi da decisão e acho que a ponte sem trânsito vale mais que uma vitória eleitoral.

Hoje, a ponte é motivo de visita obrigatória dos visitantes. É um espaço de passeios e sinto uma enorme satisfação ao vê-la utilizada, com toda a segurança, pelos seus utentes.

 Ponte de Lima, Abril de 2017