Pequeno contributo para biografia
O meu amigo José Pereira Fernandes “desafiou-me” a escrever algumas breves notas biográficas sobre o Dr. João de Araújo Pimenta, para o portal cultural de Ponte de Lima, que, com gosto, aceitei.
Conheço o Dr. João Pimenta desde a minha juventude.
Nos idos de 1971/1972, no seu consultório da Rua das Neves, eu, estudante universitário em Lisboa, recebi a primeira “lição” do Dr. João Pimenta.
Nessa altura, tinha decidido transferir-me para Coimbra.
- Vê o que fazes! Tudo se passa em Lisboa!
Desde então, com prejuízo meu, os contactos com o Dr. João Pimenta têm sido esporádicos, circunstanciais.
O Dr. João Pimenta, para mim era, como para a generalidade dos que o conhecem, o médico especialista “americano” do coração, que todos procuravam na Rua das Neves, o primeiro Presidente da Câmara (Comissão Administrativa) da Liberdade, o “Presidente” do Hospital, o fundador da Liga dos Amigos do Hospital.
Nasceu em Ponte de Lima em 9 de setembro de 1935.
Após frequentar a “nossa” Escola Primária na Avenida António Feijó, frequentou o primeiro ciclo no Colégio D. Maria Pia, o Colégio do Minho, em Viana do Castelo, o Colégio Infante D. Henrique, em Felgueiras e concluiu o ensino secundário no Liceu Nacional de Braga, em 1953.
Licenciou-se em Medicina em 1960, na Faculdade de Medicina do Porto.
Entre 1961 e 1966, permaneceu nos EUA, onde, sucessivamente: realizou o Internato Geral de Medicina no The Toledo Hospital, Ohio e a Residência da especialidade de Medicina Interna no Maumee Valey Hospital, Toledo, sendo eleito no terceiro ano Chefe Residente; estagiou num Fellowship em Medicina Torácica, no Albert Einstein College of Medicine da Universidade Yeshiva, em Bronx, Nova Iorque.
Este percurso académico e profissional, encetado por um jovem de 26 anos, oriundo de um país que vivia orgulhosamente só, é apanágio d’ “Aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando”.
Em 1966 regressou a Portugal e foi mobilizado para Moçambique, como médico militar miliciano.
Em 1970 fixou-se em Ponte de Lima, exercendo Medicina Interna, tendo sido Presidente do Conselho de Administração e Diretor Clínico do Hospital Distrital Conde de Bertiandos, desde 1981 até 1997, ano em que se reformou.
A sua participação cívica, de causas, teve início na sua nomeação para Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Ponte de Lima, após o 25 de Abril.
Nessa época de aprendizagem de cidadania, o Dr. João Pimenta destacou-se pela promoção da educação, com a aquisição de terrenos para a construção de escolas (v.g., Vilar das Almas, Queijada) e da cultura, com a aquisição de obras de arte (v.g., quadros a óleo de Rui Pinto: “Paisagem do Monte de Santa Maria Madalena”, “Vista de Santo Ovídio”).
E também no desporto.
Pode considerar-se o Dr. João Pimenta como o precursor da canoagem no Rio Lima. Em 1975, a Comissão Administrativa adquiriu duas canoas para um clube em formação, com dinheiro que o Ministro da Educação do regime anterior, Veiga Simão, tinha depositado no Banco Borges & Irmão, a favor da Câmara Municipal, para fins culturais.
Ao Dr. João Pimenta se deve o magnifico painel de azulejos de Querubim Lapa, existente na entrada de consultas externas do Hospital Conde de Bertiandos, conseguido quando era Presidente do Conselho de Administração deste Hospital.
Também, nessa qualidade de Presidente do Conselho de Administração, promoveu a reedição fac-similada das “Lendas” do Conde de Bertiandos, em 1993.
“O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe” (José de Letamendi).
O Dr. João Pimenta não se reformou em 1997; aliás, ainda está no ativo.
E, por isso, nos vem presenteando com as suas investigações, cujos resultados, para nosso deleite, de vez em quando publica.
É assim que, em 2004, publica “(A) Gota – O tormento de António Feijó”.
Em 2005, deu-nos o prazer de ler “Norton de Matos versus Egas Moniz – Um Duelo Histórico”.
Em 2007, publica “William Withering em Lisboa – Cartas Inéditas ao Abade Correia da Serra”, cujo “maço de papéis” adquiriu numa loja de antiquário em Lisboa, em 1994.
E, em 2009, apresentou-nos “Um Manuscrito Inédito de António Feijó a Eça de Queiroz”, que havia sido descoberto pelo arquiteto A. Campos Matos no arquivo da Casa de Tormes.
O Dr. João Pimenta é uma pessoa de espírito inquieto, interessada, um cidadão do mundo.
Melómano, amante de música clássica, é frequentador habitual da Gulbenkian, do São Carlos e da Casa da Música.
Leitor obsessivo, não dispensa uma tertúlia literária.
A vida vivida pelo Dr. João Pimenta, designadamente, do que dela aproveita Ponte de Lima, merece uma biografia profunda, não passando as presentes notas de uma mera “migalha”.
João de Araújo Pimenta: Autor - saber mais
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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