Este azulejo do artista Araújo Soares, natural de Viana do Castelo, que pode ser visto na Farmácia de S. João, em Ponte de Lima, evoca as célebres tertúlias que se realizavam nesta farmácia, estando aqui representados Monsenhor Pereira Lima, o Poeta António Feijó, o Dr. Francisco Maia e o Farmacêutico João Duarte (por esta ordem, da esquerda para a direita).

Transcrição da legenda deste azulejo, extraída do Almanaque de Ponte de Lima de 1933:

Um dos mais íntimos amigos de António Feijó, se não de todos talvez o mais íntimo era o farmacêutico João Duarte, João Dias Duarte, que residia e tinha a botica numa casa por ele construída no Largo de S. João…  …e em muitas noites ia com o grupo dos seus amigos até à botica…
…Fechavam-se as vidraças, cerravam-se as portas de dentro e ali se passava o tempo na mais amena, na mais alegre e na mais despreocupada das cavaqueiras.  …Uma noite, tendo decaído a conversa, não obstante a presença do Feijó, o João Duarte foi ao fundo do estabelecimento e voltou de lá com um harmonium. O harmonium porém era muito velho, tendo no fole uns poucos de rasgões, mas todos cuidadosamente tapados com adesivo da botica, isto a que vulgarmente se chama pontos. Por desgraça porém o João Duarte só sabia tocar a Mandolinata, nada mais que a Mandolinata.

Araújo Soares

António de Araújo Soares nasceu a 15 de Novembro de 1927, na cidade de Viana do Castelo, sendo considerado um dos maiores artistas de sempre da Ribeira Lima.

Araújo Soares cedo evidenciou uma profunda sensibilidade artística, que se havia de revelar ao longo dos anos em múltiplas vertentes (pintura, desenho, cerâmica, decoração, tapeçaria) e que seria gradualmente aprofundada com a ajuda dos seus mestres: António Pedro, Palmira Mourão, Américo Gomes e António Joaquim. Soares não esquece o papel do engenheiro Dias Coelho ao ter-lhe “aberto as portas” na arte de fazer cerâmica.

Adelino Silva, in Límia-Revista Regional n.º 20, de Agosto de 1996