Em resposta à intenção de se erguer um monumento à Rainha D. Teresa em Ponte de Lima, o Professor Almeida Fernandes, um dos maiores especialistas da história da Idade Média em Portugal, respondeu:
«Façam-lhe uma estátua, mas verdadeira estátua, Ponte de Lima deve-lhe isso há quase novecentos anos».
Passaram séculos, até aparecer um limiano, culto e generoso, para ser feita justiça a D. Teresa, a quem Ponte de Lima ficou a dever um dos mais relevantes episódios da sua história.
Passando por cima de todo o tempo que antecedeu a fundação da vila, que não é pouco, chegámos a D. Teresa e aprendemos muito sobre ela, graças à iniciativa do Dr. Francisco Abreu Lima. Pelo seu empenho e inegável amor à terra, conseguiu o que parecia impossível: derrubar séculos de preconceitos! Levantou uma estátua que tanto honra Ponte de Lima, terra que sempre trouxe no coração, ao lado das pessoas, que efectivamente são e sempre foram a sua maior preocupação.
Pela sua vontade e acrisolado bairrismo, nasceu a inteligente ideia de um monumento, que pudesse não só homenagear a Rainha fundadora, mas mostrar a todos, e muito especialmente aos mais novos, o decisivo momento histórico que deu origem à passagem da terra de Ponte ao merecido e justificado estatuto de vila; o que nos orgulha, e leva a grande maioria dos aqui residentes, bem como os limianos ausentes, a rejeitar a passagem a outro patamar, que mais não seria do que um retrocesso cultural. Nenhuma terra vale mais ou menos, e progride ou não, pelo nome que ostenta, além do que corresponda à sua dignidade.
É justo lembrar o seu companheiro de jornada, o Sr. Embaixador Dr. João de Sá Coutinho, Conde d’Aurora, que desde o nascimento da ideia a acolheu e trabalhou por ela com verdadeiro entusiasmo, associando-se também, com grande disponibilidade e satisfação, o então Presidente da Câmara, Eng. Daniel Campelo. Foram estes limianos dedicados que levaram a cabo tão importante tarefa.
Por sermos uma vila orgulhosa do seu estatuto, recheada de história, merecíamos e merecia a Rainha fundadora este reconhecimento; é por demais evidente que crescemos em importância, pela visibilidade que ganhámos a partir de 4 de Março de 2002, com a presença do importante monumento no espaço público, representando uma personalidade incontornável da história de Portugal, a quem Ponte de Lima ficou ligada em momento feliz do seu passado. Devemos considerá-la, como Fernando Pessoa, que tão sabiamente reconheceu a sua importância no nascimento de Portugal, «… Mãe de Reis e Avó de Impérios»; no mesmo espírito e no que a Ponte de Lima diz respeito, acrescentaria as poéticas palavras de João Marcos, «…de Ponte a bem dizer, Mãe e Madrinha».
Foi bonito termos assistido a tão significativo acto histórico, que tanto dignificou Ponte de Lima. Tive a felicidade de estar presente e ver como se fazia justiça à mãe de D. Afonso Henriques, com uma homenagem que fica a marcar, para sempre, a entrega do foral que tanto nos orgulha.
É sempre oportuno lembrar que este monumento foi erguido por vontade e consequente trabalho dos promotores, com a contribuição generosa de empresas e pessoas que quiseram assim associar-se a tão nobre iniciativa.
Mas não é esta estátua, apesar da grandeza que tem, a obra mais relevante do Sr. Dr. Francisco Abreu Lima. Os que o conhecem e acompanham sabem que verdadeiramente grande é a sua generosidade, sempre colocada ao serviço das pessoas.
Durante os felizmente longos anos e importantes cargos públicos que exerceu, nunca esqueceu os seus conterrâneos, os que com ele trabalharam e todos os que dependiam dos serviços a que presidiu. Sempre, com reconhecida humanidade, procurou entender as dificuldades das pessoas, a angústia dos que procuravam trabalho, nunca virou as costas a ninguém, não se ficando só pelas palavras de conforto. Na medida do possível, resolveu problemas a muita gente. Não chegaria toda esta revista para os enunciar.
Considero-me o mais humilde dos seus amigos, devo-lhe provas de afecto que guardo no coração, nunca lhe pedi nada, nem tinha que o fazer, a não ser uma ajuda (contribuindo para a sua mais recente cruzada) para tornar mais conhecido o nosso Beato Francisco Pacheco. As minhas palavras não são de retribuição, mas sim de profunda admiração e agradecimento pela sua exemplar humanidade. O meu testemunho mais não é do que a expressão do sentir de numerosos limianos e só por isso me atrevi a escrever nesta conceituada revista. Ficaria com muita pena se não pudesse dizer que somos muitos os que reconhecem no Sr. Dr. Francisco um dos melhores filhos de Ponte de Lima.
Publicado na LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 40, de Dezembro de 2014
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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