Exposição Please [do not] touch, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, até 27 de Outubro
Adelaide Ginga e Emília Ferreira
Há muito que sabemos que o conhecimento depende dos sentidos. E, como percebeu o cientista António Damásio, também as emoções são incontornáveis para tomar decisões. Apesar disso, vivemos hoje o fascínio global pelo digital que se interpõe entre a nossa perceção e a realidade, substituindo o contacto direto com o mundo. Quando, a par do digital, crescem imaginários que rejeitam o corpo, e a busca de uma vida assética, isenta de riscos, que tipo de vida procuramos, de facto, viver? São essas as questões levantadas pela exposição de Inês Norton, Please [do not] touch, que retoma, no MNAC, a pesquisa da artista quanto à tensão existente, nos nossos dias, entre os conceitos de natural e de sintético.
O mundo “à distância de um toque” ou “o mundo na ponta dos dedos” são frases que, nesta exposição, com objetos palpáveis e um expresso interdito de tocar (ainda que o visitante seja convidado a tocar algumas das peças), ganham um sentido irónico.
Sendo o museu um espaço em que o toque é geralmente interdito, Please [do not] touch — em português por favor [não] toque — assume uma clara ironia. Ao privilegiar a abordagem e o contacto audiovisual, a sociedade atual tende a assumir como desnecessária e obsoleta a experiência direta.
Relegando para segundo plano a nossa inata capacidade de contacto, essa recente abordagem coloca inúmeros problemas. É urgente reconhecer a importância da presença física e do toque na relação interpessoal. Esta exposição de Inês Norton, composta por 18 obras inéditas, sublinha a omnipresença da artificialidade e a necessidade de a questionar, lançando o alerta para a urgência de recuperar a plena consciência do corpo, sob pena de perdermos o essencial do que é ser humano.
Curadoria
Adelaide Ginga e Emília Ferreira
Local
Rua Capelo, n.º 13 - Lisboa
Horário
De terça a domingo
Das 10h às 18h
Biografia da Artista
Inês Norton (1982)
Licenciada em Design de Comunicação pelo IADE, termina o último ano do curso na Universidade Pontífice Católica - PUC,do Rio de Janeiro no âmbito de um programa de intercâmbio (2005). Após a licenciatura, trabalha como designer de comunicação em Lisboa. Frequenta dois anos do curso de pintura no Ar.Co e realiza o Foundation na Slade School of Fine Arts, em Londres (2008-09).Entre 2010 e 2012, viveu na cidade de Luanda, Angola, onde leccionou expressão plástica no âmbito de um projeto de Apoio ao Desenvolvimento (ADPP), tendo participado na Trienal de Luanda – Geografias Emocionais, Arte e Afetos (2010). Em 2012 concluiu o programa de Estudos Independente na Maumaus, em Lisboa.
Expõe regularmente o seu trabalho e este está representado por várias coleções a nível nacional e internacional.
Exposições (Seleção)
2010 | Trienal de Luanda, Luanda
2013 | Bienal de São Tomé e Principe
2013 | London Factory Art, Londres
2013 | Exprimenta Design | No Borders, Lisbon
2014 | Centro Cultural Português, Luanda
2014 | Convent St.Agosti, Barcelona
2014 | Art Copenhague Forum, Copenhague
2015 | Miguel Justino, Contemporary Gallery, Lisboa
2016 | Centro de Arte Contemporânea, Málaga
2017 | XIX Bienal de Cerveira, Cerveira
2017 | Le Consulat, Lisboa
2017 | CAAA, Guimarães
2018 | Quartel de arte contemporânea, Abrantes
2019 | Galeria Presença, Porto
Colecções (Seleção)
Sindika Dokolo, private collection | Angola
CAC | Málaga
Luciano Benetton Collection | Itália
Atlantic Private Bank | Angola
Instituto Camões | Angola
Colecção Figueiredo Ribeiro | Portugal
Prémios
Artista revelação, XIX Bienal de Cerveira 2017
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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