Junto à Torre de S. João, aproximadamente no local onde hoje se situa o Largo e Fonte de S. João, situava-se uma pequena capela onde era venerado S. João. O infortúnio bateu à porta e, certo dia, a pequena capela foi muito danificada por um incêndio, tendo-se salvo apenas algumas imagens. Com a demolição da Torre de S. João, a capela viu também o seu destino traçado e foi também desmantelada.
A construção da Capela de S. João foi iniciada no dia 9 de Abril de 1863 no local onde actualmente se situa, na margem esquerda do Rio Lima, bem no fundo da Alameda de S. João. O edifício foi concluído no ano de 1867 e benzido a 16 de Junho do mesmo ano. Tem apenas um altar mas a riqueza da sua talha merece ser realçada e apreciada. A capela tem forma octogonal e, de acordo com Miguel Roque dos Reys Lemos, nos seus Anais Municipais de Ponte de Lima, era, e é ainda, uma “elegante e formosa” capela. Segundo este mesmo autor, “os materiais empregados em toda a obra de pedreiro foram extraídos da torre e capela primitiva do mesmo santo e da contígua pequena parte da muralha que então subsistia à boca da Rua de S. João”.
O grande impulsionador da sua construção foi um conhecido benemérito, a quem Ponte de Lima muito deve, Agostinho José Taveira, que, dedicadamente, promoveu o empreendimento e acompanhou a construção da capela. Os fundos para a sua construção foram obtidos através de peditórios efectuados “no país e fora dele”(1). Agostinho José Taveira, limiano por adopção e de coração, nasceu em Ponte da Barca, em 22 de Junho de 1808, vindo a falecer em Ponte de Lima, em 11 de Setembro de 1888. No seu vasto legado testamentário está incluída a Casa e a fundação e criação da Casa de Caridade de N. Sra. da Conceição, onde viveu e faleceu, situada na rua com o nome do seu benemérito.
Já no séc. XX, João Rodrigues de Morais ofereceu para a Capela de S. João o Cristo que ainda hoje aí é venerado, tendo em conta que o primitivo se encontrava bastante danificado desde o incêndio que destruiu a primitiva capela.
Após um período em que a festa não se realizou, na década de 40, a Capela de S. João estava em muito mau estado de conservação, devido sobretudo às tílias que existiam nas suas imediações que, com as suas raízes forçaram a estrutura do edifício, abrindo-lhe enormes brechas. Foi então constituída uma comissão para garantir os fundos e materiais necessários à recuperação, constituída por João Varela, João Martins, Adolfo Morais e Armindo Maravilha. Conseguido o dinheiro e materiais a obra realizou-se em 1953, tendo sido derrubadas as tílias e plantadas as oliveiras que actualmente preenchem o recinto.
Os namoriscos sempre foram uma constante junto à capela de S. João. A fama de santo casamenteiro já ninguém lha tira. Contudo, com o decorrer dos tempos, os abusos começaram a danificar o recinto e a própria capela, pelo que se avançou para a construção de uma grade. Os fundos para a sua aquisição foram conseguidos pela Sra. Antónia “petiscas”, proprietária de uma das poucas casas de pasto da vila que, junto dos seus clientes, arrecadou o dinheiro necessário para a grade fronteira. Mais recentes são os gradeamentos laterais.
(1) LEMOS, Miguel Roque dos Reys (1977) Anais Municipais de Ponte de Lima; Ponte de Lima, 2.ª Edição: Câmara Municipal de Ponte de Lima
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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