A capela de Santa Maria Madalena situa-se no extremo poente da freguesia de Fornelos, concelho de Ponte de Lima, no monte que desde tempos imemoriais se chama o Monte das Santas.
O religioso nome deste cerro é atribuído na lendária tradição local a umas piedosas mulheres que em penitência aí teriam vivido noutros tempos. Como em todas as lendas há um remoto fundo de verdade. Apontam os estudiosos para a existência de ruínas castrejas, que as obras efectuadas no século XX quase totalmente fizeram desaparecer. Os devotos locais, acolhendo as inconscientes sugestões da lenda, aí fizeram erigir uma pequena capela, dedicada não a essas santas, mas, em concreto, a uma santa, Maria Madalena, e, naturalmente, ao Cristo que ela amou intensamente. Veio daí o nome com que na actualidade é conhecido o Monte de Santa Maria Madalena, ou, simplificando, o Monte da Madalena
A primitiva capela foi mandada edificar, entre 1621 e 1624, por D. Inês de Magalhães, viúva de João de Magalhães de Meneses, proprietária da quinta da Rasca, situada na freguesia de S. Mamede de Arca, contígua à vila de Ponte de Lima, num terreno localizado no monte das Santas, no prolongamento da mesma quinta. Para garantir a sobrevivência da pequena ermida e a realização de alguns actos de culto, de acordo, aliás, com a lei canónica então em vigor, D. Inês dotou-a com um dos maiores campos da sua quinta da Rasca.
Em 1923, a Câmara Municipal de Ponte de Lima ligou o alto do monte à vila de Ponte de Lima, através de um ramal que derivava da estrada de Serdedelo, e fizeram-se obras de ajardinamento, destinadas a transformar o local numa estância panorâmica onde se pudessem gozar alguns momentos de lazer.
Achando-se a capela muito degradada, uma comissão de entusiastas, a que presidia o Dr. Avelino Sampaio, Presidente da Câmara e Conservador do Registo Civil, resolveram dotar a estância de nova capela, construída um pouco mais acima, adquirindo para o efeito e desmantelando a capela de S. Vicente Ferrer, da Casa da Boavista, de Moreira do Lima, datada de 1735, cujas pedras foram transportadas por uma grande carretada de lavradores (162 carros de bois!) das freguesias circundantes, em 1 de Maio de 1926, e recolocadas do novo no monte das Santas, sob a direcção do mestre canteiro José Manuel Lopes, de tal modo que, em 22 de Setembro de 1929, podia receber a bênção do Arcebispo de Braga, D. Manuel Vieira de Matos, seguida de missa campal.
Assim se explica a estranheza da inscrição existente nas cartelas da fachada principal, que nada tem a ver com o local nem com a actual titular da capela. No mesmo dia, em procissão concelhia, foram também transportadas, desde a vila de Ponte de Lima, as novas imagens do Crucificado e de Santa Maria Madalena, assim como a de Santa Rita de Cássia e a da Senhora de Fátima, que em 1959 se partiu, vindo a ser substituída por uma Senhora da Soledade, levada da igreja paroquial, e atribuível ao século XVII, em terracota policromada. O retábulo foi composto por um marceneiro limiano, integrando quatro colunas e um quadro com a Visitação, entalhados em madeira e provenientes de um retábulo setecentista da igreja da Misericórdia de Ponte de Lima, que em tempos idos saíra das mãos do entalhador Miguel Coelho.
Para apoio aos visitantes, a Câmara Municipal construiu o edifício onde actualmente funciona um restaurante, que aproveitou na sua frente uma parte das colunas e da arcatura setecentistas do claustro interior da antiga Misericórdia, desmontadas quanto se cortou ao meio o edifício para ligar ao rio a Rua Cardeal Saraiva.
Em tal edifício viveu, durante anos a fio, no tempo em que plantava e cuidava do esmerado jardim e do bosque circundante, o Sr. António Dias, na companhia da sua esposa Maria Gomes, e aí nasceram e cresceram os seus numerosos filhos, entre os quais se conta o Padre Manuel Gomes Dias, Figura Maior de Ponte de Lima, nascido a 4 de Maio de 1933.
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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