Esta obra, Do Porco ao Sarrabulho, é a caminhada fascinante do homem no tempo pelos carreiros infinitos que levam à arte de cozinhar.
José Lima começa por evocar os quadros vividos na pré-história, o milagre do fogo, os múltiplos afazeres que vão evoluindo nas primeiras civilizações: «a transformação de leite em queijo, as uvas espremidas em vinho, e o trigo em pão». Por engenho do autor e das suas fontes – documentos escritos e iconográficos, provérbios e tradição oral – a luz de todas as épocas ilumina a cozinha palaciana, aristocrática, conventual, burguesa e popular. Dito isto, e na celebração dos costumes da comida em terras minhotas, ressoam por aqui citações apropriadas de textos admiráveis do Conde d’Aurora, José Rosa de Araújo e António Manuel Couto Viana.
Mas a outra prosa também é colorida, sonora, festiva, etnográfica. Por isso mesmo, dá-nos uma visão ampla da importância do reco na economia rural; rituais da matança; preparação das iguarias; crendices célticas; culto a Santo António; graças ao dia de fartura partilhado fraternalmente com vizinhos ou gente pobre; convívios à mesa; palavras de ânimo; acordes da concertina e estórias que se contam ao esvaziar malgas de vinho verde.
José Lima não escreveu só um livro das nossas memórias colectivas, das vivências comuns entre um antes e um depois de cheiros e paladares, mas criou um registo pantagruélico, alegre e, por vezes, nostálgico…Porque há recordações que nos transportam em ritmo brando para mundos de outrora.
E mais do que isso: é um livro proveitoso – o leitor pode consultar a origem de frutos ou plantas e pôr em prática receitas caseiras de verde com mel, leite-creme, arroz doce, canja de galinha, cabrito assado, rojões e arroz de sarrabulho.
Prefácio da obra “Do Porco ao Sarrabulho”
da autoria de Luís Dantas
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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