Jorge Amado

Jorge Amado


 

Jorge Amado, consagrado escritor brasileiro, de projecção mundial

O Escritor brasileiro Jorge Amado nasceu em Pirangi, Baía, em 1912. Estudante de Direito, transferiu-se para o Rio de Janeiro, em 1931, ano de sua estreia com o romance O país do Carnaval. Com Cacau (1933) e Suor (1934), firma-se a sua posição de escritor, politicamente comprometido com a esquerda, tendo participado na Aliança Nacional Libertadora. Esteve preso, residiu no estrangeiro, primeiro em Buenos Aires, onde escreveu a biografia de Carlos Prestes, O Cavaleiro da Esperança (1942), depois em França, na União Soviética e nas democracias populares, até que retornou definitivamente ao Brasil.

A preocupação política rebate na obra do ficcionista, dando ênfase aos problemas sociais. Não prejudica, contudo, as qualidades peculiares do escritor, desde o seu talento de narrador à força poética, à linguagem ingenuamente incorrecta, com a sua riqueza de elementos populares e folclóricos e o grande conteúdo humano que progressivamente amadurece, sobrepujando então aquelas preocupações políticas em torno do social. É o que se observa na cronologia dos romances, a contar dos três primeiros aos que se seguem: Jubiabá (1935), Mar Morto (1936), Capitães de Areia (1937), Terras do Sem Fim (1942), São Jorge dos Ilhéus (1942), Seara Vermelha (1946), Os Subterrâneos da Liberdade (1952).

Com Gabriela, cravo e canela (1958), Os Velhos Marinheiros (1961), Os Pastores da Noite (1964) e Dona Flor e seus dois maridos (1966), o romancista supera definitivamente as limitações politicizantes. Somando, agora, à sua força poética um acentuado humorismo, apresenta-se com a linguagem renovada, utilizando recursos da tradição clássica paralela aos processos da novelística picaresca. Mas em toda esta obra do ficcionista, salvo uma ou outra excepção, o que avulta é o seu grande sentimento humano e amor do estado natal, sobretudo à cidade do Salvador, sobre a qual, especificamente, escreveu Baía de Todos os Santos (1945). Belezas contrastantes e coloridas da paisagem, riquezas artísticas e de significação cultural da tradição e populares, problemas humanos e sociais – a infância abandonada e delinquente, a miséria do cais e do preto da cidade, a seca, o cangaço, a exploração do trabalhador urbano e rural, o coronelismo latifundiário – são a matéria deste romancista, um dos maiores e mais conhecidos do Brasil.

In: Dicionário de Literatura, Direcção de Jacinto do Prado Coelho, 4.ª Edição, 1994.

 

 

Jorge Amado em Ponte de Lima

 



José Pereira Fernandes



Ponte de Lima teve a honra de receber a visita de Jorge Amado, em 22 de Fevereiro de 1992, numa iniciativa promovida por Nuno Lima de Carvalho, seu amigo de longa data, natural da freguesia de Vila Franca do Lima, concelho de Viana do Castelo, que se distinguiu como Secretário-Geral da Sociedade Estoril Sol durante cerca de vinte anos, como Director de Relações Exteriores da mesma empresa e como Director da Galeria de Arte do Casino Estoril, cargo que ocupa desde há mais de quarenta anos.

Nesta visita à vila limiana, Jorge Amado e sua mulher Zélia Gattai, também escritora, foram acompanhados, entre outras individualidades, pelo próprio Nuno Lima de Carvalho, por Francisco Sampaio, Presidente da Região de Turismo do Alto Minho e pelo Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Fernando Augusto Vasconcelos Calheiros de Barros.

A passagem deste insigne escritor brasileiro por Ponte de Lima ficou perpetuada por uma lápide descerrada pelo próprio Jorge Amado na Adega Cooperativa de Ponte de Lima, a mais relevante estrutura do tecido empresarial desta vila histórica do Norte de Portugal, no mandato da direcção presidida pelo Eng.º Gaspar Castro.

Do programa da visita de Jorge Amado fez parte um almoço servido no restaurante Manuel Padeiro, onde o Escritor teve a oportunidade de apreciar o Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima, verdadeiro ex-libris da gastronomia limiana, almoço em que participaram ainda diversos confrades da Confraria dos Gastrónomos do Minho, que tem como objectivos defender, divulgar e promover a autenticidade da gastronomia minhota a nível regional, nacional e internacional.

Das obras de Jorge Amado escritas posteriormente à publicação do Dicionário de Literatura, dirigido por Jacinto do Prado Coelho, destaca-se Tocaia Grande (1984), um “romance absorvente e cativante”, onde é distinguido Nuno Lima de Carvalho, na figura de Frei Nuno, um frade português dado a práticas pouco consentâneas com a sua condição de membro do clero regular.

Na mesma obra é ainda imortalizado um outro amigo português de Jorge Amado, Manuel Natário, proprietário da Pastelaria Natário, de Viana do Castelo, falecido em 2003, que inspirou o Escritor na criação do destemido Capitão Natário de Fonseca, personagem central do mesmo romance.

Algumas das suas obras, como Dona Flor e Seus Dois Maridos, Gabriela Cravo e Canela, Tenda dos Milagres e Tieta do Agreste, cuja telenovela foi protagonizada pela Actriz Bety Faria, foram adaptadas para a televisão, cinema e teatro, obtendo enorme êxito junto do grande público, tanto no Brasil como em Portugal.

Entre as diversas distinções recebidas pela sua profícua actividade literária, Jorge Amado foi agraciado pelo nosso país com a Comenda da Ordem de Santiago da Espada e distinguido com o Prémio Camões.

Faleceu na Baía, em 6 de Agosto de 2001, a quatro dias de completar 90 anos de idade, deixando uma vasta obra literária traduzida para mais de quarenta idiomas e publicada em mais de cinquenta países.

A visita a Ponte de Lima de Jorge Amado, escritor universalista e figura maior da língua portuguesa, deve constituir motivo de orgulho para todos os limianos, sendo aqui evocada para que permaneça viva na nossa memória colectiva.

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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