Maria do Rosário Vaz Marinho (Irmã Rosário Marinho), natural de Além-da-Ponte, Arcozelo, Ponte de Lima, filha de Alípio Gonçalves Marinho e de Ester Dantas Vaz, é, neste momento, uma das personalidades limianas que mais merece a nossa atenção e respeito. Trata-se de uma Irmã Missionária Comboniana, que pertence ao ramo feminino do Instituto para as Missões Africanas, fundado na segunda metade do século XIX pelo sacerdote italiano Daniel Comboni, com o propósito de levar a mensagem do Evangelho ao interior do continente africano, então como hoje assolado por uma profunda miséria.
Esta limiana exercia as funções de Técnica de Laboratório de Análises Clínicas e vivia em ambiente familiar excelente, quando sentiu o chamamento religioso. Professou aos 24 anos. Mais jovem, fora das primeiras meninas a integrar a Banda de Música de Ponte de Lima, com mais quatro, conduzidas por esse músico de eleição que foi o Sr. Amândio da Lúcia. Tinha muitos amigos e uma vida recheada de actividades.
Tudo deixou para servir os mais pobres, vivendo entre os mais necessitados e abandonados do mundo, guiada por uma vocação responsável. No meio das dificuldades encontrou meios para se especializar e tornar-se uma enfermeira notável, que em África tem exercido uma acção a todos os títulos extraordinária, do Uganda ao Sudão, passando pelo Egipto, onde aprendeu a língua árabe para melhor poder servir.
Deixou marcas nos mais recônditos locais por que passou. No Uganda empreendeu a conservação de instalações dignas para parturientes, desde o nível mais básico até aos melhores tratamentos que as circunstâncias permitiam. Os inúmeros perigos que naquele país sempre espreitam nunca esmoreceram a sua vontade inquebrantável.
No Sudão, um dos países mais problemáticos do planeta, colocou mais uma vez em prática os seus conhecimentos e enorme dedicação, empenhando-se na construção de uma maternidade para tentar debelar uma das carências mais sentidas na região.
Tudo feito sem esperar nem desejar alguma recompensa, apenas por amor ao próximo, escolhendo, como já dissemos, os mais desfavorecidos do mundo, para assim demonstrar a sua dedicação, fé e espírito de caridade.
Aqui, nesta Europa angustiada com corridas constantes pelo bem estar, justo mas muitas vezes levado ao extremo, nem paramos, nesta azáfama quotidiana, para pensar como ainda existem pessoas tão grandes, cheias de humanidade, capazes de nos fazer relegar para o esquecimento as falsas grandezas que mais não fazem do que criar ídolos com pés de barro, que se esboroam à mais leve agitação.
Em reconhecimento da sua acção em África, a Irmã Rosário Marinho foi distinguida com a Medalha de Mérito Municipal Social, atribuída pela Câmara Municipal de Ponte de Lima, em reunião ordinária de 11 de Fevereiro de 2014, entregue na Sessão Solene das Comemorações do Dia de Ponte de Lima, que teve lugar no Teatro Diogo Bernardes, no dia 4 de Março de 2014.
Arcozelo e Ponte de Lima, torrão natal de Rosário Marinho, devem sentir alegria e orgulho por possuir filhos assim, que se consagram ao trabalho assistencial e que fazem da vida uma constante dádiva aos outros.
P. S.
Depois da prolongada e notável acção desenvolvida em África ao serviço das populações mais carenciadas de diversos países, a Irmã Rosário Marinho encontra-se desde 2019 em Espanha, onde continua a pôr em prática a sua dedicação aos mais necessitados.
