Poeta classicista, dramaturgo reformador nascido na vila de Ponte de Lima (1725-1801)
Ana Carneiro
Filipa Lobo
No quadro das comemorações do Dia de Ponte de Lima, que todos os anos se assinala a 4 de março – data da outorga do Foral de D. Teresa à histórica vila alto minhota –, a Biblioteca Municipal de Ponte de Lima (BMPL) evocou Manuel de Figueiredo, dramaturgo ponte-limense do período setecentista em Portugal, cujo legado biobibliográfico poucos conhecem. O resultado foi uma exposição de tributo ao autor e a apresentação de documentos manuscritos da sua autoria - trabalho que cumpriu a missão informativa e formativa propugnada pela BMPL.
“Eu escrevo, escrevi, e escreverei, sempre mais para o entendimento, que para os sentidos; mais para fazer os homens melhores do que para os fazer rir, e chorar”.1
Poeta de influência classicizante, dramaturgo de pendor moralista, prolífico autor e teorizador fecundo, Manuel de Figueiredo empreende em vida uma meritória cruzada pela renovação do Teatro – género que privilegia como elemento propulsor da educação e da formação cívica da sociedade setecentista portuguesa. Um homem ao serviço da palavra didática, do discurso corretivo, do verbo como indutor de comportamento, mas irremediavelmente desfasado do interesse do público e fatalmente avesso às tendências artísticas da época. Efetivamente, depois de um período de domínio dramatúrgico espanhol, que se estende para lá da ingerência filipina, as casas de espetáculos da capital do reino começam a encher-se de populares ávidos de encenações músico-teatrais – com particular incidência para as óperas italianas2 – que granjeiam adeptos de origem heterogénea e propiciam a construção de novos espaços de representação cénica. No entanto, o consequente esmorecimento da produção artística de cariz nacional e a observação exclusivista da vertente de entretenimento das exibições levadas a cena – em contraponto com a função eminentemente pedagógica sustentada por Manuel de Figueiredo – resultam na desaprovação do fenómeno de importação artística e na assunção quase doutrinária de edificação de um género que julga decadente. Por isso escreve, teoriza e aconselha, conquanto recolha a indiferença de muitos. A sua única peça estreada – Os perigos da educação – falha no intento de agradar a plateia, recebendo da crítica – e dos próprios colegas com quem funda a bem-intencionada Arcádia Lusitana – as mais pesadas censuras e reprovações. Desanimado e imerecidamente julgado, restringe o uso da pena ao anonimato, mas não afrouxa a missão de veicular a feição moralizadora da obra dramatúrgica. Publica em vida apenas dois tomos de Theatro,3 mas deixa um vasto legado escrito que, reunido em 14 volumes pelo irmão Francisco Coelho de Figueiredo4, é confiado à posteridade para conveniente estudo e apreciação. Longe de ser a figura mais consensual do seu tempo, e pese embora certas pendências em relação ao papel que assume na cultura setecentista, Manuel de Figueiredo conquista um lugar de relevo na história do teatro moderno português pelos ensaios de teorização doutrinária e pela tentativa incansável de restauração de um género artístico aglutinador de massas.
Inutilia truncat*
Durante largas décadas associado a Lisboa, encarregaram-se o tempo e a investigação persistente de Maria Luísa Malato da Rosa Borralho de dissipar o equívoco de nascimento e de certificar o concelho de Ponte de Lima como legítima terra berço de Manuel de Figueiredo – nome de batismo atestado pelo registo paroquial de Santa Maria dos Anjos.5 Apesar de certas dubiedades quanto à sua origem e da relativa escassez informativa quanto aos primeiros anos de vida, há dados documentados que não merecem contestação, caso da filiação que o confirma como primogénito de Manuel de Figueiredo Serra – natural de Cernache dos Alhos, Coimbra – e de Joana Baptista de Oliveira – proveniente de Alenquer – ambos de modesto estatuto social, mas de franca probidade e de atestada “limpeza de sangue de cristãos-velhos”.6 Colocados ao serviço de D. Tomás da Silva Teles, Visconde de Vila Nova de Cerveira,7 os pais de Manuel de Figueiredo beneficiarão da afabilidade e do protecionismo do amo, que não só apadrinha o mancebo, como acompanha e supervisiona a sua evolução escolar. Uma relação de afetos que seguramente sustentará a decisão de inscrever o jovem e profícuo aluno em Humanidades na Congregação do Oratório, em Lisboa, ordem religiosa fundada por S. Filipe de Neri, em 1565, e formada por clérigos seculares voltados para a instrução popular e para a assistência de idosos.8 Sobretudo na vertente instrutiva, o espírito de renovação pedagógica dos oratorianos, que em certos aspetos antecipa os ventos de mudança trazidos com a Reforma Pombalina de 1772, desempenhará um papel decisivo na construção da personalidade mental e artística de Manuel de Figueiredo. A farta e atualizada biblioteca congregacional, a prática de metodologias experimentais incomuns à época, desenvolvidas no avançado Gabinete de Física da Casa das Necessidades, o diversificado jardim botânico que vem facilitar o processo de verificação e análise de espécies, a simplificação do estudo do Latim e o recurso à historiografia,9 são algumas das novidades didáticas que lhe aguçarão o engenho intelectual. Mas se na maior fatia de vida Manuel de Figueiredo se dedicará ao exercício criativo da pena, é no desenho que descobre a sua inclinação artística. Frequenta, por isso, as aulas do calígrafo Manuel de Andrade de Figueiredo, “mestre de algumas individualidades da Corte e autor da belíssima Nova escola para aprender a ler, escrever e contar”.10
Ainda na senda da apetência para as belas-artes, e a par das lições de Filosofia no Convento do Espírito Santo, matricula-se, por volta de 1741, na classe de André Gonçalves, afamado pintor da Lisboa de D. João V responsável por “grande parte das igrejas que se [fazem] até ao terramoto”.11 Por esta altura, e contagiado pela proliferação de instituições ou cenáculos constituídos para intercâmbio de ideias consonantes com a moda europeia setecentista,12 o jovem Manuel de Figueiredo forma “com amigos um pouco mais novos o que pomposamente [chama] de Academia”,13 modesta sociedade cultural para a qual escreve breves composições poéticas em Latim e em língua vernácula.14 A atividade literária parece amedrontar pais e padrinho. Este último, conhecedor da indigência de certos artistas e intelectuais, aconselha o protegido a “[cuidar] naqueles estudos que [podem] dar de comer”.15 Manuel de Figueiredo acata prudentemente a sugestão, muito embora tome parte da fundação da Academia dos Ocultos, em 1745, ao lado de D. Tomás de Lima, Alexandre António Lima e Manuel Teles da Silva, Marquês de Alegrete.16 No entanto, a prossecução dos estudos distancia-o do embrionário projeto associativo, que não chega a favorecer qualquer corrente de pensamento.
A despeito de documentadas referências a uma estada do autor em Coimbra – cidade de origem do pai e respetiva família paterna – Manuel de Figueiredo não chega a inscrever-se em curso algum, conquanto figure no livro de Matrículas de 1745 – patente no Arquivo da Universidade – uma referência ao seu nome no ano propedêutico de Instituta. Porventura pela necessidade de rapidamente acautelar o seu percurso profissional, a que acrescerá um certo desejo de independência financeira, o jovem de 21 anos aceita o cargo de secretário particular do padrinho, Tomás da Silva Teles – entretanto nomeado embaixador em Madrid – e ruma à capital espanhola em 1746.18 Dotado de uma sólida educação, possuidor de vastos conhecimentos que aprofunda por força da sua avidez intelectual, e detentor de uma certa vocação para a diplomacia, Manuel de Figueiredo vê a sua carreira avolumar-se e notabilizar-se.
Em 1749, decorridos somente três anos do seu trajeto hispânico, já opera como funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. É no exercício dessas funções que acompanha as conversações diplomáticas para concertação de um acordo bilateral capaz de definir os “limites do Brasil, dado que o meridiano fixado em Tordesilhas fora há muito ultrapassado, não apenas pelas necessidades de defesa como pelo esforço dos colonos ávidos de conhecerem a dimensão autêntica do território”.19 Iniciadas as diligências por intermédio de Tomás da Silva Teles, as reuniões para demarcação dos domínios da América do Sul – também magistralmente conduzidas pelo político e diplomata Alexandre de Gusmão – consagram o legítimo direito de posse efetiva da terra (uti possidetis) “tomando por balizas as paragens mais conhecidas para que em nenhum tempo se confundam, nem dêem ocasião a disputas, como são a origem, e curso dos rios, e os montes mais notáveis”.20
Assinado a 13 de janeiro de 1750 – cerca de 82 anos depois da paz firmada entre os dois países ibéricos – o Tratado de Madrid assegura a Portugal o respeito pelo princípio das fronteiras naturais e pela conservação do território ocupado à época da convenção com a única contrapartida de restituição ao reino vizinho da colónia de Sacramento.21 O acordo estabelecido carecerá de reafirmação, no arranque do governo de D. Maria I, mas representa enormes ganhos para o país e o justo reconhecimento das personalidades envolvidas. Uma delas é Manuel de Figueiredo que deposita nas mãos de D. João V o importante documento de entendimento fronteiriço para ratificação real, recebendo “pelos serviços prestados (…) a Cruz da Ordem de Cristo” – a despeito da desaprovação da Mesa de Consciência e Ordens pela ausência de linhagem nobre – “e uma tença vitalícia de quarenta e oito mil réis”.22 No breve período que passa em Lisboa, visita a família e aproxima-se do irmão Francisco, nascido em 1738, que décadas adiante coligirá toda a produção literária avulsa de Manuel de Figueiredo, que tanto estima e admira.
A permanência na capital madrilena estende-se por cerca de sete anos, mas não se confina a afazeres diplomáticos. A escrita, originalmente manifestada nas modestas sociedades literárias em que participa na adolescência, não esmorece e vai sendo aprimorada com o recurso ao estudo e à avaliação de tendências. Frequenta com uma certa regularidade os teatros de Madrid, auscultando técnicas, enredos e personagens.23 A análise que processa e o evoluir dos seus gostos dramáticos fazem-no rejeitar, quando revê, a peça Reynar despues de morir, da autoria de Vélez de Guevara, afamado dramaturgo andaluz a cujo trabalho sobre o trágico amor de Pedro e Inês assistira com o pai no Teatro da Rua das Arcas, tinha então seis ou sete anos.24
Entenda-se que Manuel de Figueiredo, na sua passagem por Espanha, é exposto a um conjunto de mutações ideológicas que grassa a sociedade hispânica e que naturalmente influencia a sua leitura das composições cénicas em exibição. Em fase de acentuada decadência, o teatro madrileno vê-se enredado numa discussão que opõe os defensores da corrente barroca e os apoiantes de uma nova filosofia dramatúrgica assente em normas clássicas e em preceitos educativos e moralizadores. Incapaz de se distanciar da polémica, Manuel de Figueiredo absorve as controvérsias próprias de um período de transição, retirando da dissidência as respetivas ilações, que transpõe para o papel. A primeira peça que redige – a comédia de intriga El engaño escarmentado en los castigos del zelo, que adiante emendará25 –, muito embora indicie uma certa contradição estética, é sintomática dessa tentativa de renovação artística de um género de forte abrangência popular, que o regresso a Lisboa, em 1753, consolida. O cenário de declínio com que Manuel de Figueiredo se depara é em tudo semelhante ao ambiente de empobrecimento vivido em território hispânico e, a despeito do investimento da coroa em espaços de entretenimento cénico, torna-se inevitável o desencanto do autor diante das propostas temáticas da dramaturgia vigente. O triunfo do teatro espanhol, que subsiste ao fim da união ibérica e à consequente restauração da soberania nacional, a par da progressiva influência das companhias italianas,26 vão minando a produção de génese portuguesa, subalternando-a a importações textuais – algumas delas de qualidade duvidosa. Por toda a capital, exibem-se sumptuosos espetáculos músico-teatrais, que impulsionados pelo anterior monarca, recolhem em D. José I, e na figura do Marquês de Pombal, renovada valoração. Impera na metrópole a sistematização do aparatoso, do espetacular e do exuberante, mesmo que a expensas da criatividade, da originalidade e do conteúdo. A depreciação de manifestações eruditas – consubstanciadas na cultura literária e histórica – é compensada por expressões de arte de carácter vivo, essencialmente visuais e eminentemente auditivas, que satisfazem o gosto coletivo. Lisboa transforma-se num centro de passagem por excelência de músicos, artistas e cantores de gabarito internacional, cuja Ópera do Tejo – faustoso edifício projetado pelo arquiteto italiano Giovanni Carlo Sicinio Galli Bibiena – materializa a atuação régia em favor da representação cénica.27 No entanto, o acontecimento cataclísmico do dia de Todos os Santos de 1755 altera irremediavelmente todos os pressupostos descritos. O colossal megassismo, além de fazer colapsar dezenas de edifícios públicos, habitações, igrejas, palácios, bibliotecas e teatros – entre eles a novíssima Casa da Ópera inaugurada em março –, tem repercussões na cultura, no património e no quotidiano de uma população subitamente devastada pela catástrofe.28
Em ambiente de rutura, intensificam-se os discursos de regeneração moral, de transformação pedagógica e de renascimento da pátria. A atmosfera de mudança, impulsionada pela efervescência ideológica que nos chega, agora mais intensamente, de congéneres europeus, propicia a criação da Arcádia Lusitana – agremiação literária constituída nos meados de 1756 pelos bacharéis em Direito, António Dinis da Cruz e Silva, Teotónio Gomes de Carvalho e Manuel Nicolau Esteves Negrão – com o propósito de reformar “a poesia, apurando a língua e a oratória, desenvolvendo a arte dramática e procurando valorizar, nas suas conferências ou encontros, a mensagem dos antigos vates portugueses que tomavam por modelos”.29 Princípios norteadores pelos quais Manuel de Figueiredo se vem batendo e que terão sustentado o convite de Pedro António Correia Garção – um dos mais esforçados árcades – para se associar à recém-fundada academia de poetas classicistas. Sob o nome figurado de Lycidas Cynthio, com que subscreve os textos que produz, o autor frequenta entusiasticamente as sessões do grémio que logo debatem o teatro e a sua indispensável reforma. Entre diversas formulações de natureza doutrinária, defende-se a supressão do “mau gosto” transitado do período seiscentista, a implantação de uma nova corrente estética alicerçada na razão em desfavor do sentimento e a promoção de uma dramaturgia nacional de carácter neoclássico.30 A fase de atuação embrionária da Arcádia coincide com o paulatino estabelecimento do teatro francês no reino que, a partir da segunda metade do século XVIII, logra conquistar os palcos portugueses, assoberbados de espetáculos operáticos, de saturantes repertórios ibéricos e de peças populares de cordel. Mas se os ventos de mudança parecem favorecer a missão reformista dos árcades, cedo se percebem dissidências e atitudes de indiferença perante o trabalho de alguns dos seus membros. Muito embora os estatutos da agremiação propugnem a cooperação entre sócios, baseada na “autocrítica, na funcionalidade da criação estética – Inutilia truncat –, na igualdade no seio da academia, na recuperação da pureza do idioma e do património clássico nacional, na dialética da análise crítica e na sujeição ao poder absoluto exercido, em nome do rei «pela grande alma [do] vigilante ministro»”31 – clara referência ao Marquês de Pombal –, a maioria parece não contemplar as reflexões e produções artísticas que pontualmente se fazem em favor da causa doutrinária. Veja-se a reação tardia e desinteressada dos árcades ao drama classicista – Édipo – que elaborado e apresentado por Manuel de Figueiredo um ano após a constituição do grémio,32 sofre adiamentos constantes aos pedidos de debate em assembleia com claro prejuízo para o seu autor e para a própria imagem do cenáculo. Disso mesmo nos dá conta o dramaturgo ponte-limense quando, em 1758, “roga instantemente ao Colégio Censório [que conclua o] exame da sua tragédia”, lembrando “(…) aos Senhores quanto é nocivo, não só ao crédito do seu nome, mas ainda à glória comum [daquela] sociedade, entregar-se ao silêncio uma causa que talvez interessa à pública expectação”.33 Advertências que não resolvem a improdutividade e a inércia dos árcades, antes minam os alicerces constitutivos da academia numa espécie de pré-anúncio do fim. Ainda assim, nos primeiros tempos, Manuel de Figueiredo empreende um esforço considerável na elaboração de novos projetos literários em consonância com a doutrina preconizada – casos de Artaxerxes e Viriato, no género trágico, e de João Fernandes feito homem, A farsola e O pássaro bisnau, na comédia34 – mas no lugar de louvores e de palavras de encorajamento recolhe depreciações e censuras. Apenas Correia Garção parece convergir na tentativa de consertar a distorção do espírito arcádico, acautelando para o desaparecimento da sinceridade, para a confusão da boa ordem, para a incapacidade de sofrer a crítica, e para o crescimento do ódio e da soberba.35 No entanto, os resultados inglórios e a progressiva caducidade da instituição fazem cessar os discursos preventivos. Com eles interrompe-se também, por largos anos, a produção literária de Manuel de Figueiredo, porventura dececionado com a inoperância da Arcádia Lusitana. Correia Garção não tem melhor sorte. Falha na tentativa de consolidar a doutrinação académica da associação e assiste ao fiasco do seu Teatro Novo (1766), comédia que procura consolidar a necessidade de uma dramaturgia nacional alicerçada num modelo classicizante.
“(…) apesar da Ciência, da Instrução e da Filosofia, enquanto não houver Teatro que entenda com os nossos defeitos não haverá uma completa correção dos costumes (…)”36
Depois de um prolongado hiato criativo – período que coincide com o falecimento dos pais (1764/5)37 – Manuel de Figueiredo regressa às produções escritas, redigindo proficuamente ficções e teorizações doutrinárias. Imbuído de renovado espírito reformador, o dramaturgo mantém as críticas às peças levadas a cena nas reconstruídas casas de espetáculo da capital, lamentando o incipiente e empobrecido gosto do público que carece de direção e de estímulo de molde a aprimorar preferências. Uma missão pedagógica que concorre com a tentativa pombalina de organizar a prática teatral sabendo da importância cultural e social daquele género artístico.38 Por isso o omnipotente ministro promulga, em 1771, a criação da Sociedade para a Subsistência dos Teatros Públicos da Corte – espécie de companhia municipal destinada a “formar uma [coletividade] entregue em sustentar os mesmos teatros com aquela pureza e decoro que os fazem permitidos”39 e a regular condignamente a profissão de ator40 – e apoia, cinco anos mais tarde, a fundação de um organismo privado para gestão concertada dos teatros do Salitre e da Rua dos Condes – “centros por excelência da [dramaturgia] popular”.41 Mas se o influente ministro de D. José I protege, por um lado, os espaços de espetáculo, impulsionando a sua função civilizadora, por outro mune-se de instrumentos controladores das ideias veiculadas nas letras, nas instituições de ensino e nas demais esferas de difusão informativa. Dirimido o combate anti jesuítico, Pombal institui, no final da década de 60, a Real Mesa Censória (RMC) com o propósito de examinar e vetar, se conveniente, publicações e espetáculos. Manuel de Figueiredo – como se sabe – converge com o ímpeto renovador de Sebastião José de Carvalho e Melo, que lhe encomenda três peças e com quem aparenta ter uma harmoniosa afinação ideológica.42 A própria Arcádia, ao longo da sua periclitante existência, parece também contar com o apoio pombalino, muito embora o arguto ministro tenha dúvidas quanto à fidelidade do grémio, chegando a colocar um espião para fiscalização das atividades e relações dos seus membros.43 A verdade é que a academia não prospera – encerra em 1774 –, tão-pouco os árcades granjeiam melhor sorte, acabando Correia Garção por ser encarcerado a mando de Pombal.44 Não se percebendo com clareza o envolvimento do ministro nos desfechos descritos, Manuel de Figueiredo segue o seu percurso sem atribulações censórias, produzindo na fase que se estende a 1777 – ano do falecimento de D. José I e da consequente queda do poderoso Sebastião José de Carvalho e Melo – um número notável de dramas e de teorizações que merece da Mesa real apreço pela conformidade com o foco didático e moralista da instituição. Não se estranha, portanto, que as composições do dramaturgo recolham dos deputados da RMC comentários lisonjeiros no sentido em que “não [contêm] coisa que perverta os bons costumes, mas antes se encaminham à sua edificação e em tudo se conformam com as santas e sábias leis da Religião e do Estado, [sendo como tais dignas] de licença (…)”.45 Nascem assim, no período descrito, títulos como Escola da mocidade, Os pais de famílias, Poeta em anos de prosa, A mulher que o não parece, Inês, O acredor, As irmãs e A mocidade de Sócrates. Mas talvez o dado mais significativo desta fase seja, além da impressão dos três tomos de Theatro – que compilam a arte dramática e os discursos doutrinários redigidos naquele tempo – a inédita estreia de uma peça sua num afamado palco da capital.
Apesar de avesso às tendências dramatúrgicas da época e da depreciação que faz do incipiente gosto popular, Manuel de Figueiredo quer experimentar as reações dos espetadores portugueses diante da obra que vai coligindo, mas à qual poucos acedem. Depois de anos a escrever no silêncio, a 6 de março de 1774, o dramaturgo logra levar a cena, no Teatro do Bairro Alto, a comédia Perigos da educação.46 Julga porventura Manuel de Figueiredo que o género cómico ocultará a sua intenção pedagógica e moralista numa talvez ingénua esperança de que a seriedade neoclássica ultrapasse a generalizada preferência por representações ligeiras,47 de mero entretenimento, capazes de fazer esquecer as agruras da vida. Em tempo de supremacia do teatro de cordel,48 os Perigos da educação de Figueiredo não convencem a audiência, que impreparada para a complexidade da peça, rejeita-a liminarmente. Depois daquela “noite tormentosa”,49 o autor jamais exibirá uma criação sua, muito embora continue a produzir proficuamente, imbuído de um continuado espírito messiânico de didatismo. E assim, no recolhimento, avolumam-se os discursos doutrinários e uma extensa arte dramática, que não obstam a que se dedique a traduções e a adaptações de autores estrangeiros, com especial destaque para os dramaturgos franceses Philippe Quinault, Jean-François Régnard, Pierre Corneille e Molière.50 Deste último prepara a versão portuguesa de Les femmes savantes – a que titula de A ciência das damas – texto que descura na espontaneidade e na falta de naturalidade dos diálogos,51 mas que revela uma qualidade superior às peças comummente vertidas. A este propósito, lamenta Manuel de Figueiredo a raridade com que, em largos anos, se encontra uma boa versão que não subverta a língua original de trabalho, demonstrando as peças que o tradutor, “pela dilaceração da fábula, pelos contrários efeitos que causam as paixões, e até pela mudança dos títulos, (…) se [entende] a gramática, [ignora] a retórica e poeticamente [o discurso]”.52 Na senda de um teatro como instrumento modelador e corretor do idioma e dos costumes, o autor rejeita a mediocridade e o barbarismo de certas produções artísticas e insiste nas indispensáveis criações de dramáticos nacionais capazes de elevar a escrita e a representação cénica. No entanto, apesar do empenho em teorizar e produzir, a intelectualidade da época continua a acusá-lo – quer em matéria de originais, quer no âmbito das traduções – de excesso de literalismo, de sensaboria, de diálogos intermináveis que não correm e de enredos parcos em imaginação.53 Características que se agravam se a elas se juntarem a excessiva obediência às regras que preconiza, a racionalização – porventura descomedida – das peças que compõe e a negação do divertimento per se. Por isso – e pelas singulares circunstâncias decorrentes de uma época de transição ideológica – o projeto renovador e pedagógico de Manuel de Figueiredo falha, se não no propósito, na forma. E quando Pombal é exilado em 1777 também o dramaturgo se afasta em definitivo da escrita “como se tivesse perdido toda a esperança de fazer vingar o estilo de teatro em que se empenhara”.54 Andrómaca – assim se chama a última composição dramática datada55 – encerra a sua atividade literária, que corre em contraponto com a carreira de alto funcionário do regime. Nos primeiros meses de reinado de D. Maria I, Manuel de Figueiredo é promovido a oficial-maior da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, seguindo-se o exercício do cargo de deputado da Junta da Casa de Bragança e a prestigiada ascensão a sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.56 Acometido de doença,57 o autor aposenta-se a 15 de outubro de 1797 volvidas cinco décadas de serviço ministerial.58
Quatro anos depois, a 27 de agosto de 1801, falece na sua casa da Rua de Alcolena um dos teorizadores e dramaturgos mais fecundos do Portugal setecentista, um homem que, apesar da incompreensão coeva, deixa para a posteridade cerca de 40 peças teatrais59 e a meritória tentativa de restauração do teatro nacional pela valoração da história, da cultura e da língua. Muito embora a sua obra reflita um período de transição ideológica e revele algumas incongruências e contradições próprias da época,60 Manuel de Figueiredo – a despeito de uma certa complexidade e experimentalismo – abre caminho para a reforma dramatúrgica operada no século XIX por Garrett e lega um conjunto de reflexões fundamentais – algumas delas de carácter inovador – sobre a cena nacional, não sendo correto – na atualidade – falar-se das transformações estéticas do Teatro setecentista sem a justa referência ao seu nome.61 Postumamente, no início de oitocentos, o irmão Francisco Coelho de Figueiredo – já com mais de 60 anos – edita a obra integral de Manuel de Figueiredo permitindo aos vindouros a devida apreciação do trabalho da principal figura teorizadora e literária do teatro neoclássico em Portugal.
*Expressão latina usada como lema da Arcádia Lusitana. Significa “cortar, suprimir as inutilidades”, numa clara referência aos excessos do Barroco.
Fontes bibliográficas:
1 Cit. por MACHADO, José Barbosa - O mito de Viriato na Literatura Portuguesa [Em linha]. Braga: Edições Vercial, 2012. [Consult. 30 jan. 2017]. Disponível na Internet:< https://books.google.pt>
2 BARATA, José Oliveira - A poética de Manuel de Figueiredo. Humanitas [Em linha]. Vol. 45 (1993). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas45/17_Oliveira_Barata.pdf>
3 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 52.
4 MARTINS, José Cândido de Oliveira - Manuel de Figueiredo. In Figuras Limianas. Ponte de Lima: Município, 2008. p. 115.
5 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 30.
6 Idem, ibidem
7 O pai de Manuel de Figueiredo trabalhava como criado de guarda-roupa de D. Tomás da Silva Teles. A mãe também servia naquela casa fidalga, desconhecendo-se no entanto as funções que exercia.
8 SERRÃO, Joaquim Veríssimo - A restauração e a monarquia absoluta (1640-1750). In História de Portugal. Lisboa: Verbo, imp. 1982. Vol. 5, p. 417.
9 Idem, ibidem, p. 418
10 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 33
11 Idem, ibidem
12 SERRÃO, Joaquim Veríssimo - A restauração e a monarquia absoluta (1640-1750). In História de Portugal. Lisboa: Verbo, imp. 1982. Vol. 5, p. 428.
13 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 35
14 Idem, ibidem
15 Idem, ibidem
16 Idem, ibidem, p. 36
17 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 37
18 Idem, ibidem
19 SERRÃO, Joaquim Veríssimo - A restauração e a monarquia absoluta (1640-1750). In História de Portugal. Lisboa: Verbo, imp. 1982. Vol. 5, p. 268
20 O Tratado de Madrid de 1750. O Portal da História [Em linha]. [Consult. 23 jan. 2017]. Disponível na Internet:< http://www.arqnet.pt/portal/portugal/documentos/tratado_madrid.html>
21 A monarquia portuguesa: reis e rainhas na história de um povo. Lisboa: Selecções do Reader’s Digest, 1999. p. 121
22 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 38
23 Idem, ibidem, p. 40
24 Idem, ibidem
25 BARATA, José Oliveira - A poética de Manuel de Figueiredo. Humanitas [Em linha]. Vol. 45 (1993). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas45/17_Oliveira_Barata.pdf>
26 Idem, ibidem
27 SERRÃO, Joaquim Veríssimo - O despotismo iluminado (1750-1807). In História de Portugal. Lisboa: Verbo, imp. 1982. Vol. 6, p. 280-281
28 Os manuscritos de Manuel de Figueiredo escapam ilesos de um incêndio graças à célere intervenção do irmão.
29 SERRÃO, Joaquim Veríssimo - O despotismo iluminado (1750-1807). In História de Portugal. Lisboa: Verbo, imp. 1982. Vol. 6, p. 278
30 Arcádia Lusitana. Artigos de apoio Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [Consult. 30 jan. 2017]. Disponível na Internet:<https://www.infopedia.pt/$arcadia-lusitana>
31 CRUZ, Duarte Ivo - O Teatro no período de Pombal: doutrina, prática e ideologia. Revista Camões [Em linha]. N.º 15/16 (2003). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:<cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/...pombal/.../file.html>
32 BORRALHO, Maria Luísa Malato - Manuel de Figueiredo, atento leitor de Aristóteles e Corneille ou de como o desejo de verdade pode naturalmente conduzir ao inverosímil. Carnets: revista eletrónica de estudos franceses [Em linha]. N.º 3 (2011). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< revistas.ua.pt/index.php/Carnets/article/download/836/769>
33 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 41
34 Idem, ibidem, p. 42
35 Idem, ibidem
36 FIGUEIREDO, Manuel de – Theatro de Manoel de Figueiredo [Em linha]. Lisboa: Na Impressão Régia, 1804-1810. [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< http://purl.pt/11977/4/>
37 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 43
38 CRUZ, Duarte Ivo - O Teatro no período de Pombal: doutrina, prática e ideologia. Revista Camões [Em linha]. N.º 15/16 (2003). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/...pombal/.../file.html>
39 Idem, ibidem
40 A profissão deixa de ser considerada infame e os atores alcançam diversos privilégios de que se destacam a proibição de serem presos por caso civil e a interdição de embargo dos salários durante “o tempo das suas obrigações”. MARTINS, António Coimbra - Pombal e Molière. Revista de História das Ideias [Em linha]. Vol. 4, t. 2 (1982). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< http://www.uc.pt/fluc/ihti/rhi/vol4/pdfs/Vol_04_T2_12_amartins.pdf>
41 CRUZ, Duarte Ivo - O Teatro no período de Pombal: doutrina, prática e ideologia. Revista Camões [Em linha]. N.º 15/16 (2003). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/...pombal/.../file.html>
42 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 45
43 TEIXEIRA, Ivan - Mecenato pombalino e poesia neoclássica… [Em linha]. São Paulo: Universidade, 1999. [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:<https://books.google.pt>
44 CRUZ, Duarte Ivo - O Teatro no período de Pombal: doutrina, prática e ideologia. Revista Camões [Em linha]. N.º 15/16 (2003). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:<cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/...pombal/.../file.html>
45 ABECASSIS, Maria Isabel Braga - A Real Mesa Censória e a edição setecentista portuguesa [Em linha]. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2009. Dissertação de Mestrado. [Consult. 19 jan. 2017]. Disponível na Internet:< http://www.academia.edu/10482063/The_Real_Mesa_Cens%C3%B3ria_ant_the_Portuguese_18_th_century_edition>
46 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 45
47 ABECASSIS, Maria Isabel Braga - A Real Mesa Censória e a edição setecentista portuguesa [Em linha]. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2009. Dissertação de Mestrado. [Consult. 19 jan. 2017]. Disponível na Internet:< http://www.academia.edu/10482063/The_Real_Mesa_Cens%C3%B3ria_ant_the_Portuguese_18_th_century_edition>
48 CRUZ, Duarte Ivo - O Teatro no período de Pombal: doutrina, prática e ideologia. Revista Camões [Em linha]. N.º 15/16 (2003). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/...pombal/.../file.html>
49 BORRALHO, Maria Luísa Malato - Manuel de Figueiredo, atento leitor de Aristóteles e Corneille ou de como o desejo de verdade pode naturalmente conduzir ao inverosímil. Carnets: revista eletrónica de estudos franceses [Em linha]. N.º 3 (2011). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< revistas.ua.pt/index.php/Carnets/article/download/836/769>
50 MARINHO, Cristina Alexandra Monteiro - Teatro francês em Portugal: entre a alienação e a consolidação de um teatro nacional (1737-1820) [Em linha]. Porto: Faculdade de Letras, 1998. Dissertação de Doutoramento. [Consult. 19 jan. 2017]. Disponível na Internet:< https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/53689/2/70631.pdf>
51 MARTINS, António Coimbra - Pombal e Molière. Revista de História das Ideias [Em linha]. Vol. 4, t. 2 (1982). [Consult. 19 jan. 2017]. Disponível na Internet:< http://www.uc.pt/fluc/ihti/rhi/vol4/pdfs/Vol_04_T2_12_amartins.pdf>
52 Idem, ibidem
53 Idem, ibidem
54 Idem, ibidem
55 BORRALHO, Maria Luísa Malato da Rosa - Manuel de Figueiredo: uma perspectiva do neoclassicismo português (1745-1777). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, D.L. 1995. p. 46
56 Idem, ibidem
57 O autor queixava-se há muito de convulsões nervosas que o faziam “temer os Invernos e procurar as águas de Belas ou das Caldas da Rainha”. Id. ibid., p. 46
58 Oferecem-lhe “privilégios ‘honoríficos e úteis’ com que pudesse amenizar a velhice, [porém recusa-os] por julgar poder sustentar com o que possuía os raros caprichos e os parcos anos que lhe julgava destinados”. Id. Ibid., p. 48
59 MARTINS, José Cândido de Oliveira Martins, Manuel de Figueiredo. In Figuras Limianas. Ponte de Lima: Município, 2008. p. 115
60 BARATA, José Oliveira - A poética de Manuel de Figueiredo. Humanitas [Em linha]. Vol. 45 (1993). [Consult. 18 jan. 2017]. Disponível na Internet:< www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas45/17_Oliveira_Barata.pdf>
61 MARTINS, José Cândido - Manuel de Figueiredo (1725-1801): um árcade esquecido ou o poeta em anos de prosa. O Anunciador das Feiras Novas. Série 2, ano 17, n.º 17 (2000). p. 33-38
Imagem:
Retrato a óleo de Manuel de Figueiredo por Giuseppe Trono [1785?], 89 x 69 cm. Coleção de Pintura da BNP. Disponível na Internet: <purl.pt/22987/2/>
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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