Escultura em madeira dourada e policromada - Século XVII
Capela de São Gonçalo, Arcozelo
Considerado o fundador do monaquismo no Ocidente, criador da mais prolífica Ordem Religiosa, à qual legou a célebre Regra beneditina, redigida no Mosteiro de Monte Cassino, guia e inspiração para outras famílias religiosas, São Bento de Núrsia, que viveu entre finais do século V (480) e a primeira metade do século VI (547), foi desde sempre uma figura grada quer junto das elites eclesiásticas quer junto dos crentes em geral.
O seu culto, dos mais disseminados em todo o orbe cristão, saiu fortalecido em toda a área de Entre Douro e Minho graças à implantação de inúmeros cenóbios beneditinos, muitos deles ainda numa fase anterior à Nacionalidade, mas foi persistindo bem sedimentado com o correr dos séculos, como testemunha a abundante representação do santo, sobretudo através de exemplares escultóricos.
A devoção permaneceu sempre viva em igrejas, pequenas ermidas e santuários de peregrinação, destinos muito demandados por devotos em cumprimento de promessas que viam São Bento como um poderoso intercessor e um dos mais eficazes terapeutas. Nascida no seio dos mosteiros, levada pelos monges a todos os recantos, a popularidade deste santo foi adquirindo uma vida e uma magia própria. Para o povo é o grande advogado das coisas ruins e dos males desconhecidos, o que pode eliminar os cravos, as verrugas e outras doenças de pele. Só o poder milagroso de Santo António lhe é comparável.
Em Ponte de Lima foram dedicadas algumas capelas ao patriarca beneditino, quer particulares como a do Paço de Calheiros ou a da Quinta de São Bento (Fontão), quer públicas como no Bárrio (depois chamada Senhora da Abadia) e em Arca, tendo neste último caso a capela passado a igreja paroquial após a demolição da antiga que tinha São Mamede como orago.
A Capela de São Gonçalo, em Arcozelo, abriga aquela que será, devido ao minucioso trabalho de dourado e policromia, ao belo efeito plástico das pregas na veste, a mais interessante e elegante imagem de São Bento em todo o território concelhio, sem menosprezo para as que se veneram nas igrejas paroquiais de Anais, Brandara e Gemieira.
O santo, hoje venerado num altar de fatura neoclássica, junto ao arco cruzeiro da capela, é representado imberbe, de semblante jovial e sereno, notando-se a tonsura por baixo do capuz. Enverga, sobre a túnica, a habitual capa beneditina (cogula), de mangas largas, e segura na mão esquerda um báculo (talvez não o original), aqui símbolo do poder abacial, a que já falta a voluta do remate.
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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