Lourenço, Jogral da Correlhã – Antologia de Textos é um livro que resulta de um notável trabalho de pesquisa levado a cabo por Manuel da Fonte Rodrigues Alves sobre uma Figura Limiana natural da freguesia da Correlhã – segundo as crónicas da época –, desconhecida da generalidade dos limianos, apesar de se ter destacado nas cortes de D. Afonso III, rei de Portugal (1245-1279), e de D. Afonso X, rei de Leão e Castela (1252-1284), monarcas que deixaram o seu nome ligado ao período mais fecundo da história da poesia trovadoresca (período afonsino), pelo apoio que deram aos poetas daquela época.

Apresentada na cerimónia comemorativa dos 900 anos do Foral da Correlhã, que teve lugar na Igreja Nova desta freguesia, no dia 19 de Dezembro de 2020, esta antologia reúne um conjunto surpreendente de textos alusivos à vida e obra de Lourenço, jogral-poeta medieval, que se dedicou à poesia, ao canto e à música, afirmando-se como um dos mais talentosos poetas do seu tempo, na opinião do Professor Celso Ferreira da Cunha (1917-1989), e um dos melhores jograis, na opinião de Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925).

Com textos introdutórios de Fátima Oliveira, Presidente da Junta de Freguesia da Correlhã, do Pároco desta Freguesia, Padre Dr. José Correia Vilar, e de Amândio Amorim de Sousa Vieira, que enaltecem o meritório trabalho de pesquisa do autor, na senda de outros trabalhos anteriores, esta antologia está organizada em cinco capítulos, que abordam, sucessivamente, os seguintes temas:

- Os jograis, os trovadores e a naturalidade do Jogral Lourenço;

- As cantigas medievais, nomeadamente as cantigas de amor, de amigo, de escárnio e maldizer e de tenção;

- A presença de Lourenço nas cortes reais;

- O Trovador D. João Garcia de Guilhade, natural de Barcelos, a quem Lourenço serviu, antes de se transferir para a Corte de D. Afonso X, o Rei Sábio; e

- Trabalhos de autores brasileiros sobre a vida e obra de Lourenço.

No segundo capítulo (Cantigas Medievais) estão ainda transcritas 8 das 18 cantigas escritas por Lourenço que chegaram até nós, designadamente três cantigas de amor, três cantigas de amigo, uma cantiga de escárnio e maldizer e uma cantiga de tenção, acompanhadas por textos interpretativos e pelas respectivas imagens do Cancioneiro da Biblioteca Nacional e do Cancioneiro da Vaticana, onde as mesmas se conservam desde fins do século XV ou princípios do século XVI.

Estas 18 cantigas revelam o apreciável talento de Lourenço, sendo ainda de salientar que, nas suas tenções, este jogral-poeta se defendeu com galhardia das críticas injustas dos trovadores com os quais tentou ombrear-se, valendo não só como documento da vida da época, mas principalmente como fonte para o melhor conhecimento das ideias estéticas dos trovadores e de sua técnica poética, como se extrai do excerto do livro “O Jogral Atrevido: Insolência e crítica social entre os jograis da Idade Média Ibérica”, de José D’Assunção Barros, inserido no capítulo terceiro.

A comprovar o trabalho meritório do autor, destaca-se a seguinte passagem das palavras introdutórias do Padre Dr. José Correia Vilar, que precedem os cinco capítulos desta antologia:

«Embora com profundidade científica, eivado de história, antropologia e literatura, é feita [neste livro] uma transposição clara do discurso científico para o público quer erudito quer comum, com todos os ingredientes, na minha modesta opinião, para ser do agrado de todos.»

Notas

Este livro pode ser adquirido na Paróquia da Correlhã, pelo preço de 10,00 Euros, valor que, por iniciativa da Junta de Freguesia, se destina a ajudar a pagar a dívida ainda existente da construção da Igreja nova.

O autor desta antologia, Manuel da Fonte Rodrigues Alves, é igualmente autor do trabalho divulgado no Portal Ponte de Lima Cultural sobre António Correia Pinto de Macedo, importante Figura Limiana do século XVIII, natural da Freguesia da Correlhã, que se notabilizou no Brasil como bandeirante, sertanista, fazendeiro e fundador da cidade de Lages.