Vertigem (ir)reversível - O Jardim mais votado da edição de 2019 do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima (15.ª Edição)

 

Vertigem (ir)reversível - O Jardim mais votado da edição de 2019 do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima (15.ª Edição)


 

Os visitantes do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima 2019, 15.ª edição, sob o tema “Os Jardins do Fim do Mundo” votaram maciçamente no Jardim “Vertigem (IR) Reversível” que nos reporta para uma viagem até ao juízo final.

De autores portugueses, a conceção da ideia pertence a dois jovens investigadores, naturais de Barcelos – Fernando Ferreira, Biólogo investigador, e Eugénia Fernandes, Psicóloga investigadora –, que em comum partilham a paixão pela jardinagem amadora. E sobre a sua criação consideram que retrata uma “viagem metafórica ao juízo final, onde no purgatório somos confrontados com a dicotomia resultante da nossa inação, quando restam dois minutos para a meia-noite, ou catástrofe global. Mas resta ainda esperança, caso deixemos de ignorar os pecados do capital.”

Confira a apresentação do jardim aos visitantes:

Num ímpeto laicizador do juízo final, apresenta-se o Jardim • Vertigem (ir)reversível.

De simetrias curvilíneas e proporções áureas, o Jardim de biomas em transmutação (de)gradativa baliza-se entre a pureza do alfa (α) argênteo e a decadência do ómega (Ω) ferrugento, entreligadas pelo passeio pecaminoso plúmbeo e pela contracorrente purificante alva. O declive e as linhas suaves convergem para o ponto focal e elevado do Jardim, conferindo ao purgatório vertiginoso a sensação de precipício. Ascendendo-o, é-nos revelado, através da porta abissal com chaves do céu, a dicotomia premente quando restam 2 minutos para a meia-noite... 

As balizas gregas aludem ao Mundo como o principiamos a conhecer e como o findamos a corromper. No percurso sinuoso, deambula-se sobre os 7 pecados do capital que compendiam as causas que aproximam perigosamente a catástrofe global, advinda das alterações climáticas e da sexta extinção em massa. Encontram-se subtérreos sendo alumiados lívida e tremulamente, como metáfora da hipocrisia em ignorar o que nos encandeia reiteradamente. No riacho serpenteante, lava-se os pecados explícitos com virtudes implícitas, especialmente daqueles que os encaram e não os recalcam. 

As transmutações nos biomas ajardinados são apanágios da inépcia (α→Ω) e da esperança (α←Ω) humanas. Os biomas assemelham-se a embriões (umbilicados à dupla hélice vital), para relembrar que se está a privar de futuro o futuro de nós. Com as alterações climáticas, o Mundo e a Vida não perecerão mas desfigurar-se-ão! O que hoje é tropical irisado, amanhã poderá ser mediterrâneo perfumado; e o que é este último, poderá ser desértico sequioso. O contralateral é a crença da reversão climática, onde o hoje, quiçá depois de amanhã, voltará a hoje. 

Envolto por uma atmosfera transcendental, o purgatório acolhe os incautos. Os 3 degraus elevam à porta a apontar ao céu, cujas fechaduras aludem à dicotomia angustiante abaixo: paraíso vs. inferno. Lá, no abismo, o relógio Dalíano sobre a balança da justiça pende o destino para o negrume desvitalizado. Marca 23h:58min, em acerto com o Relógio do Apocalipse, onde a meia-noite eufemiza a catástrofe global antropogénica. Mas o prato da direita está vago! Com máxima urgência onere-se-o com economia verde, circular e sustentável, ética e educação, que certamente a balança equilibrar-se-á. A Vertigem é, afinal, Reversível!

Quase como premonição, o este jardim, por ter sido o mais votado, vai continuar em exposição na 16.ª edição do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, em 2020, enquadrando-se no tema escolhido “As Religiões nos Jardins”.

A segunda preferência do público recaiu sobre o “Jardim da Amizade”, que reflete um jardim rico em elementos da cultura oriental com apontamentos da cultura portuguesa. Este jardim tem o intuito de enaltecer as relações entre Portugal e China, reconhecendo o seu valor cultural e histórico. Dá relevo também à coragem dos Portugueses em navegar por mares desconhecidos e conhecer outros povos e também à fusão com as tradições Chinesas. Cada elemento contemplado neste jardim tem um significado histórico e cultural para os macaenses, chineses e portugueses.

A seleção das novas propostas para a edição 2020, que tem como tema As Religiões nos Jardins, decorrerá no corrente mês.

Para mais informações consulte: www.festivaldejardins.cm-pontedelima.pt ou através do email: festivaldejardins@cm-pontedelima.pt.

Fonte: Município de Ponte de Lima
14 de novembro de 2019

 

Para ver outras fotografias deste e dos restantes jardins da edição de 2019 do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, clique AQUI

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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