Padre José Gomes de Sousa (Padre Zé) – O Homem e Sacerdote ao serviço da Igreja e da Sociedade, por Alípio de Matos

 

Padre José Gomes de Sousa (Padre Zé) – O Homem e Sacerdote ao serviço da Igreja e da Sociedade, por Alípio de Matos



Alípio de Matos
Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima



Decorria o ano letivo 1967/68, quando os rapazes que frequentavam o Externato Cardeal Saraiva se surpreenderam com a presença de um jovem sacerdote. Como não podia deixar de ser, a curiosidade foi imensa e logo se ficou a saber que o seu nome era José, que era oriundo do concelho de Barcelos, recém-ordenado, e que vinha coadjuvar o senhor Cónego Carlos Martins Pinheiro, pároco da Vila de Ponte de Lima, mais tarde Vigário Geral da Arquidiocese de Braga e Bispo de Dume e Auxiliar de Braga (à data o Arciprestado de Ponte de Lima pertencia à Diocese de Braga).

Passados alguns dias, a interação entre o jovem sacerdote e os alunos já era perfeita, a sua simplicidade, assertividade e relacionamento de imediato os conquistara.

Desde essa altura, o meu relacionamento com o senhor Padre José Sousa tem prevalecido, com a exceção de uma interrupção para cumprimento do meu serviço militar obrigatório.

O Padre Zé, desde logo assim tratado, como não podia deixar de ser, teve um papel importante na pastoral junto dos jovens. Recordo a ponte medieval cheia de espetadores para ver o sacerdote retirar o cabeção e a batina e praticar futebol com a rapaziada da vila, no verão, ao fim do dia.

Como sacerdote preocupava-se não só com a formação religiosa, mas também com a formação humana dos seus paroquianos, mais concretamente dos jovens. Posso testemunhar que, através do movimento juvenil “Oásis”, procurava, além da formação doutrinal, formar homens e mulheres, tendo como referência a doutrina social da Igreja e os documentos do Concílio Vaticano II, procurando incentivar-nos a colocarmo-nos ao serviço do próximo numa participação cívica ativa. Assim, num grupo constituído por algumas dezenas de jovens, surgiu o gosto pela música, formando-se um grupo coral que animava a celebração eucarística das onze horas na Igreja Matriz, a criação de um espaço de ensino e estudo, em que os jovens que estudavam davam formação a outros, que, dadas as circunstâncias da época, tiveram de começar a trabalhar quase após a conclusão do ensino primário. Foi deste modo que algumas dezenas de jovens conseguiram a aprovação no então segundo ano do ciclo ou liceu.

Penso que a participação cívica, política e social de alguns que frequentamos aquele movimento deve-se ao tipo de formação que lá obtivemos.

O tempo passou e o Senhor Padre José Sousa participou e participa como dirigente em várias Instituições concelhias, realçando as de Vice-Provedor da Mesa Administrativa e de Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, funções que exerce, de forma ininterrupta, desde Janeiro de 1989.

Exercendo funções, desde esse mesmo ano, na Mesa Administrativa, como Tesoureiro, Vice-Provedor e ultimamente Provedor, tenho sido testemunha da forma interessada, humilde, firme e de total entrega com que tem desempenhado aquela missão.

Atendendo a tal facto, quando, em 2016, resolvi candidatar-me ao cargo de Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Ponte de Lima, a primeira pessoa que convidei para participar na candidatura, na qualidade de Presidente da Mesa da Assembleia Geral, foi o Senhor Padre José Sousa, tendo sido com imensa alegria e honra que obtive a sua anuência.

O Senhor Padre José de Sousa, pelo seu saber, a sua experiência e a sua forma de ser e estar na sociedade como sacerdote e cidadão, é um elemento indispensável na constituição de uma equipa sóbria e estável que tenha por objetivo estar ao serviço do próximo.

Publicado na LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo
n.º 49, de Abril/Maio/Junho de 2017

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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