História da “Alegoria à Engenharia Militar” – obra-prima de Ovídio Carneiro, por Fernando Ferro de Beça

 

História da “Alegoria à Engenharia Militar” – obra-prima de Ovídio Carneiro, por Fernando Ferro de Beça



Fernando Ferro de Beça



Conheci o Ovídio em 1965 no quartel da Escola Prática de Engenharia (EPE), em Tancos, onde, como militares milicianos, recrutados, frequentámos o Curso de Oficiais Milicianos (COM). No nosso pelotão de instruendos-cadetes éramos cerca de 40 e o comandante do pelotão era o então alferes Rocha Vieira, agora general na reforma, que foi Governador de Macau até 20 de Dezembro de 1999, data da transferência da soberania portuguesa sobre este território para a República Popular da China.

Entretanto, com a extinção das Escolas Práticas, a EPE passou a albergar o Regimento de Engenharia 1 (RE1), que estava em Lisboa.

Depois do COM em Tancos, os cadetes, agora já aspirantes a oficial miliciano, foram distribuídos pelos vários Serviços e Unidades da Engenharia militar. Ao Ovídio, a mim e mais uns 10 ou 12 aspirantes calhou-nos o Batalhão de Engenharia 3 (BE3) em Santa Margarida.

No dia a seguir à nossa chegada o comandante do Batalhão reuniu-nos para nos atribuir as funções que cada um ia assumir.

A mim calhou-me dar instrução a um pelotão de soldados na especialidade de operadores de máquinas de terraplenagem.

Ao Ovídio, como se soube que tinha acabado de receber um importante prémio de pintura, o comandante propôs-lhe, se ele aceitasse, uma vez que não seria das atribuições normais, pintar um quadro para a sala de visitas da messe de oficiais, que tinha as paredes nuas.

Uma vez aceite a tarefa, o Ovídio foi a Lisboa comprar telas, óleos e pinceis necessários para o trabalho. O Ovídio propôs, e foi aceite, que seria um quadro grande com uma pintura a óleo alusiva à Engenharia militar. Assim, trabalhou numa sala que lhe foi posta à disposição e atacou a obra. Eu e mais dois ou três por algumas vezes fomos visitá-lo na sua sala de trabalho, para o “ajudar a pintar”, mas ele recolhia logo todos os pinceis para que nada pudéssemos fazer. Entretanto a obra crescia e todos começámos a gostar muito do quadro.

Quando o Ovídio terminou a sua “Alegoria à Engenharia Militar”, se bem me lembro, um quadro grande, um óleo de tons médios, um estaleiro de obras, Lisboa após o terramoto de 1755, edificios em construção, operários, materiais e ferramentas, em destaque Oficiais de Engenharia com um projecto a orientar os trabalhos!

O quadro foi instalado na sala de visitas da messe, ocupando quase completamente uma das paredes. Todos reconhecemos que o quadro era fantástico, uma obra-prima, bela e imponente, de tal modo que convencemos o comandante a dar uma festa na messe para divulgar a obra, convidando o Estado-Maior e os comandantes de outras Unidades do Campo Militar de Sta. Margarida, para apresentação do quadro e inaugurar os melhoramentos da messe de oficias do BE3.

O quadro do Ovídio foi muito apreciado por todos os convidados, coronéis, generais e respectivas esposas e o Ovídio recebeu muitos elogios e felicitações.

Entretanto, eu fui mobilizado para uma comissão de serviço de dois anos em Moçambique e em Março de 1966 deixei Sta. Margarida.

O Ovídio continuou em Sta. Margarida até ser mobilizado, uns meses mais tarde, para uma comissão de serviço em Angola, e soube que ele pintou mais quadros para a messe do BE3.

O BE3 foi extinto em 1976 e, soube pelo general reformado Reis Camões, que como tenente-coronel foi o último comandante do BE3 e o primeiro comandante do Regimento de Engenharia 3 (RE3), em Espinho, que os quadros do Ovídio foram transferidos para Espinho e estão na messe de oficiais deste Regimento.

Lisboa, 2021-03-07

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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