Todos os que seguem o projecto “Retratos”, e que desse modo vão conhecendo um pouco os seus autores, conseguem imaginar a satisfação que sentimos por ter conseguido fotografar o Senhor Padre.
E logo assim, de fatiota completa e tudo.
É que os “uniformes” dão outra dimensão aos retratos. Vão para além do Ser que aparece na imagem. É todo um “ofício” o que ali se representa. E poucos há tão fascinantes como o ofício de Padre.
O Senhor deste retrato é o Monsenhor José.
Isso para os de fora, para os de cá será sempre o Padre Zé.
São quase cinquenta anos ao leme do nosso curioso rebanho.
Certamente que já nos “viu” pecar a todos. Por isso o vemos como o eterno 'bom pastor' da complexa família que formamos.
Não partilhamos clubes, nem de bola nem de ideias.
O Senhor Padre é do Porto e veste cores mais conservadoras. Já eu, sou do Sporting e jogo pelos libertinos.
É sempre ele quem me visita, que eu raramente entro na sua Farmácia de Almas. Mas quando o vejo no balcão ainda estremeço um pouco, por respeito.
Não sigo muito as normas cá do sítio, e presumo até que alguns impropérios que profiro cheguem aos seus ouvidos... Mas a culpa não será apenas minha, há qualquer coisa nesta vila que me provoca, que acentua a minha queda para a insurreição. Sinto sempre vontade de equilibrar um pouco as coisas.
É que aqui na nossa terra há conservadores a mais. Cada um é como é, e até prefiro homens sensatos que pensem diferente, do que irracionais com ideias próximas das minhas. O mal é que poucos por cá têm a sapiência do Senhor deste retrato. Muitos deles nada de útil acrescentam. Preocupam-se em demasia com as “novas liberdades”, mas sempre se “esquecem” dos vícios antigos que tanto alimentam.
O “sistema” por aqui tornou-se macilento e monocórdico. Hoje, qualquer nabo bem aprumado consegue doutorar-se mafioso e dormir como se fosse boa gente.
Tudo isso com a habitual comiseração dos simples, o que muito me entristece e revolta. Por isso me obrigo a cumprir os meus deveres de “maluquinho” da corte.
Ao Senhor Padre Zé, só o consigo ver com bons olhos. É um Homem de boa vontade que deseja sempre o melhor para nós. Todos o admiramos pela sua honestidade e coerência.
O que a Ana fez neste retrato foi mais de que tirar uma foto.
Criou um documento histórico da terra que tanto gostamos.
Por isso a tentamos temperar a nosso gosto.
O que me apraz mais nesta imagem é a infalível “candura austera” do olhar do Senhor Padre.
Parece estar a cruzar-se com um “tal rapaz” numa manhã de Feiras Novas.
A horas em que esse rapaz ainda andava a fazer das suas.
Publicado na LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo
n.º 49, de Abril/Maio/Junho de 2017
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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