ARAÚJO SOARES EXHIBITION
(Texto em português publicado no programa da Exposição em Joanesburgo, África do Sul, inaugurada no dia 5 de Novembro de 1982)
Araújo Soares fez questão, já em Abril deste ano, de que eu apresentasse a sua exposição de Joanesburgo. Voltou a escrever-me agora, a insistir. Em Abril, quando passei por Viana (onde passo sempre, para refrescar os olhos de beleza), estive no seu estúdio, situado num velho salão do antigo Quartel de Caçadores, e maravilhado participei, durante horas, no fascínio de luz e sombra que é a sua pintura. Ele “inventou” a tinta-da-china colorida e descobriu que, com ela, se podiam fazer corpos, se podia construir Povo.
Ao longo de mais de quarenta anos do sagrado ofício de pintar, Soares encontrou estilo e técnica que, talvez não sendo únicos no mundo, são sem dúvida dos melhores.
Desenhador impecável, cada risco no papel é um grito que fere, que rasga, que dá vida ao traço seguinte. E cada traço é partícula de gente, gente do Norte, que trabalha de sol-nado a sol-posto: pescadores, feirantes, raparigas de olhos de amêndoa, os pobres, os velhos, as crianças, as romarias, mar e terra entrelaçados.
Pintor regional – talvez, actualmente, o mais distinto de Portugal – o “regionalismo” de Soares ultrapassou fronteiras. Porque, peregrino de dois continentes, ele imprime nos seus trabalhos o inequívoco universalismo da Arte que não paga direitos de alfândega.
É por isso que constitui uma honra para a Comunidade Portuguesa e para a própria África do Sul voltar a ter entre nós um Artista que, durante duas semanas, nos oferece, em meia centena de quadros, o sol, a cor e a melhor expressão pictórica do Povo anónimo e bom de Portugal.
Ricardo de Saavedra
Nota
Esta Exposição realizou-se no Salão da União Portuguesa, em Joanesburgo. Soares apresentou 58 quadros. Na sexta-feira, 5.XI.82, antes da inauguração oficial às 18 horas, o Directório Português na África do Sul, que apoiara a visita do Artista, convidou um grupo de personalidades para em sossego apreciar as obras. O certo é que um dos convidados adquiriu logo 14 quadros; outros escolheram dois ou três e, na verdade, aquando da inauguração, 24 quadros tinham já uma discreta marca de adquiridos. E quatro dias depois não havia mais quadros à venda.
A cerimónia inaugural foi muito concorrida e contou com a presença do cônsul-geral de Portugal Dr. Farinha Fernandes, do último mayor da cidade Carl Venter, do membro do Parlamento Koos van der Merwe, e Soares comoveu-se quando proferiu, perante as dezenas de portugueses presentes, algumas palavras de agradecimento.
Quinze dias volvidos o Pintor iniciou com Ricardo de Saavedra, que então desempenhava funções de secretário-geral do Directório, uma viagem pelo famoso Kruger Park, por Richards Bay e Durban, onde ainda levou vinte das suas obras para expor.
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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