Quando no ano de 1998 convidei o José Dantas Lima para se transferir para o Quadro Técnico do Município de Ponte de Lima conhecia pouco da sua personalidade e história de vida mas sabia da sua forma de se dedicar às artes e ao espetáculo.
O Teatro Diogo Bernardes estava na fase final de reabilitação e era necessário preparar a sua abertura num processo dinâmico que cumprisse os propósitos que levaram ao seu resgate em favor da sociedade limiana e da cultura nacional. O quadro de pessoal do Município não possuía recursos humanos com a experiência necessária a tal tarefa e foram várias as pessoas que me aconselharam procurar o Dantas Lima, que na altura desenvolvia intensa atividade lá para os lados de Viana. O Dantas aceitou o desafio sem hesitação e começou assim a aventura de colocar o Teatro Diogo Bernardes no trilho do serviço à cultura.
A contratação do Dantas Lima serviu não apenas os propósitos do Teatro Diogo Bernardes mas também de uma forma geral tudo o que respeitava à cultura e animação sociocultural do Concelho. Não era tempo de engordar a estrutura orgânica do Município e o Dantas foi nesse contexto “pau para toda a obra”, incluindo o apoio às Coletividades do Concelho e à organização de festas e eventos da responsabilidade municipal. As Feiras Novas puderam contar também com a sua colaboração ativa ao longo de duas décadas.
Não me arrependi desse convite e posso dizer que o Dantas Lima cumpriu integralmente a missão que lhe foi confiada, tendo mesmo superado todas as metas no exercício das funções e aberto outras portas da atividade sociocultural do Município, criando dinâmicas e rasgando novos horizontes que haveriam de fazer fama e conquistar admiradores dentro e fora dos limites físicos do Concelho. Tudo isso com um enorme sentido de responsabilidade e de entrega sem limites, sem regatear tempo ou compensações monetárias.
Recordo o Dantas Lima como alguém que não tinha hora de saída e que cumpria com lealdade as missões que lhe eram confiadas. Sempre com muita humildade aceitou tarefas que outros recusariam, mesmo quando respeitantes a áreas distintas daquela em que desenvolvia a sua atividade normal. De uma educação esmerada e de trato institucional impecável sempre manifestou solidariedade com quem precisava, estando sempre presente nas horas difíceis.
O seu trabalho e o alcance da sua obra artística e cultural podem bem ser resumidos na paixão que cultivou pelo engrandecimento das artes e pelo espalhamento dos grãos de cultura que felizmente continuam a saltitar na sua oficina de Estorãos e nos seus tempos novos de jubilação.
Oxalá esse novo tempo de continuação dos marcos do caminho possa confirmar para o Dantas Lima (que é ainda um jovem cheio de saber e de energia) a tese aristotélica:
“A cultura é o melhor conforto para a velhice.”
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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