No dia 17 de Abril de 2010, no auditório do CITEFORMA, em Lisboa, o consagrado autor literário António Manuel Couto Viana foi honrado com uma sessão cultural durante a qual lhe foi entregue o diploma de Sócio Honorário da Casa do Concelho de Ponte de Lima (CCPL), conferido por unanimidade e aclamação na Assembleia-Geral de 21 de Fevereiro do mesmo ano. Esta foi uma homenagem há muito tempo esperada e solenemente organizada pela CCPL e pela revista Limiana. Com efeito, a presença do homenageado no quotidiano dessa colectividade lisboeta, traduzida em várias sessões literárias, na apresentação de obras e numa participação assídua na Limiana, fazia anunciar o reconhecimento público dos limianos a este autor vianense, amante das causas e das coisas da Ribeira-Lima.
Porém, as razões profundas deste preito resultam do limianismo (1) que Couto Viana demonstrou ao longo da sua vida, já reconhecido pela Câmara Municipal de Ponte de Lima quando o distinguiu em 2009 com a Medalha de Mérito Cultural. Além do lirismo e do bucolismo com que exprime o seu amor pela terra limiana, a sua obra poética deixa transparecer a nostalgia que o invade quando está dela ausente. E a sua dedicação à cultura limiana emerge dos estudos que tem dedicado a inúmeros autores limianos, como Domingos Tarroso, António Vieira Lisboa, Cláudio Lima, Teófilo Carneiro, Manuel Figueiredo, António Feijó, António Ferreira, Conde d’Aurora, Júlio de Lemos e muitos outros.
Mas Couto Viana não é só um ilustre poeta contemporâneo, reconhecido e premiado com diversas honrarias e condecorações. Os 45 livros de poesia já publicados fazem parte da sua grande obra literária, traduzida em 126 títulos editados desde finais dos anos quarenta. Nascido em 1923 na cidade de Viana do Castelo, além de poeta distinguiu-se como dramaturgo, contista, memorialista, gastrólogo, autor de livros infantis e tradutor. Foi também empresário teatral, director de jornais e revistas literárias, encenador e actor, tendo sido o primeiro português a obter a licenciatura em Teatro, na Universidade de Veneza.
Na recepção que lhe foi prestada, o folclore limiano marcou presença através do Grupo de Cavaquinhos da C.C.P.L., que actuou no fim das intervenções dos diversos oradores presentes.
As esplêndidas intervenções que enriqueceram esta sessão solene tiveram como protagonistas o Dr. Manuel da Silva Alves (Cláudio Lima, poeta limiano), o Dr. João Bigotte-Chorão (crítico literário e proeminente escritor), o Prof. Doutor Artur Anselmo e o Dr. Franclim Castro e Sousa (Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Ponte de Lima).
As declamações poéticas desta sessão ficaram a cargo dos consagrados actores Cecília Guimarães e Vítor de Sousa, que evocaram alguns dos textos que melhor caracterizam a obra poética de Couto Viana.
Como representante da Câmara Municipal, Franklim Sousa manifestou o seu orgulho por presidir a tão elevado momento cultural e referiu que “António Manuel Couto Viana, sendo uma figura da vida cultural nacional e regional, é também um dos nossos que, não sendo pela naturalidade, é pela opção um filho da vila limiana”. E concluiu o seu discurso com esta quadra:
António Manuel Couto Viana,
Não há palavras, não há expressão!
Em Ponte de Lima e em cada limiano,
Tu moras em seu coração.
Como aconteceu com Miguel Roque dos Reys Lemos e José Rosa Araújo, dois outros saudosos vianenses enamorados pela Terra de Ponte, também a ligação apaixonada de António Manuel Couto Viana à nossa vila ficará indelével na história.
Nota:
(1) Este sentimento tem sido profusamente evidenciado pelo homenageado em inúmeras visitas ao nosso concelho, nos seus discursos, nas suas obras literárias, na paixão com que exalta os valores naturais e históricos da vila e das suas terras, e no valor que dedica aos nossos patrimónios gastronómico e etnográfico.
Publicado na LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 12, de Abril de 2009
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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