A nossa poética vila veste-se de gala para receber adentro dos seus muros, com a galhardia que lhe é peculiar, os milhares de forasteiros que aqui se dirigem, atraídos pelo fulgor surpreendente das pinceladas extraordinárias da nossa beleza paisagista, pelo encantador cenário de maravilhas, que são as Festas de Ponte de Lima.
Está em festa a nossa terra! O Povo vive os grandes momentos das páginas das Mil e uma noites. Perante os seus olhos feridos por tão lindas cores decorre a grande apoteose que são as nossas Feiras Novas, classificadas como das maiores que se realizam em Portugal.
O Povo, êste nosso bom Povo, canta, ri e baila! As moçoilas sádias dos nossos campos, com os seus ricos fatos, as arrecadas de oiro, enlaçando os seus formosos pescoços, refulgem realçando mais a sua explêndida imagem, mostram aos nossos visitantes a sua transbordante alegria com os seus frescos cantares, os seus radiosos rostos, perenes de felicidade, dão a nota mais garrida à romaria. A elas e aos mocetões fortes dos nossos campos, que dêles arrancam o nosso sustento, se deve toda a beleza da festa.
Assiste-se, impressionado, ao desbobinar dêsse maravilhoso filme, que a boa vontade dos homens é capaz de realizar.
São as iluminações, grandiosas e belas, no seu castiço à moda do Minho, as centenares de bandeiras, no seu tremular festivo, as ornamentações de requintado gosto artístico, e são, sobretudo, as impressionantes cerimónias religiosas à Virgem da Dôres, no nosso rico templo da Matriz.
As festas de Setembro de 1947 não desmerecem das anteriores, nada lhes vai faltar: os característicos descantes populares, com as danças do vira e da chula, por os grandes dançarinos anónimos do nosso Povo; as tocatas do cavaquinho e do harmónio – relíquias quasi sempre guardads para só se mostrarem nas festas de Ponte – barracas de tiro, carroussel, e centenas de outras distracções para gosto dos visitantes.
Nas tascas, boa rojoada e sarrabulho, regado com os nossos apreciados vinhos verdes.
Nas Feiras Francas, fazem-se importantes transacções em gado cavalar, géneros, etc., sendo concorridas por gente de toda a parte do paiz.
O Povo vive a festa, sente o seu deslumbramento e emociona-se agradecendo aos homens que lhe oferecem tão maravilhoso espectáculo.
Ponte de Lima vai gozar, por certo, momentos de grande explendor e grandiosidade, as suas festas são o orgulho dos seus filhos, e os nossos visitantes levarão na retina tão formosos aspectos da nossa vida, da nossa magnífica alegria para contribuição de maior beleza.
Homens da nossa terra! Fazei com que Ponte de Lima progrida; as nossas festas são a embaixada de beleza. Que delas tirem um pouco de boa vontade e que Ponte de Lima nos dê outros exemplos de Progresso.
Ponte de Lima, a formosa vila minhota cantada em estrofes sublimes por Feijó, o Poeta que morreu de Amor, terra que a natureza ofertou com a sua arte sem igual, cheia de maravilhosas paisagens, fulgurante de vida, rica de tradições explendorosas, que o seu bom Povo tanto ama, confia nos Homens de boa vontade.
Por Ponte de Lima! Pelo seu Progresso!
Setembro de 1947
Nota: Foi mantido o texto original, com a ortografia da época.
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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