Numa terra bem fadada de poetas – Ponte de Lima –, berço pátrio do meu saudoso amigo General Norton de Matos, Grande de Portugal – e que afinal foi amigo de todos nós, os portugueses –, vive Augusto de Castro e Sousa, que desde os 14 anos de idade viu o seu espírito desabrochar para as letras e para as aspirações altas da vida, escrevendo e sonhando.
Assim, crendo na manhã dos dias belos, este operário-escritor pensa nos que sofrem, nos infelizes, e ama a Liberdade. Mais do que nunca, entendo que é esse o nobre indicativo dum homem do nosso tempo, porque hoje mais do que nunca se sabe que é impossível deter a marcha do mundo, a caminho do sol-alto do Futuro.
Compreendendo-o, Augusto de Castro e Sousa, alia à sua índole de sonhador e romântico a sua posição de doutrinador, e com brilho o faz.
Nesse sonho, escreve como zinem os grilos, naturalmente, como correm livremente as águas dos arroios, sem pedir licença a «panelinhas» literárias (sempre negativas e negadoras), e sabe pelos dias tristes de melancolia recolher a melhor estrofe desse sonho perfeito – ora escutando as cantigas das frautas embaladoras na paisagem que o cerca, ora prendendo-se ao fio de oiro das últimas músicas da manhã que ficaram ensarilhadas em harmonia nas ramas dos pinheiros enfarinhados de luar, pelas auroras formosas. E eis aqui o sonhador que é Augusto de Castro e Sousa. Tem alma de poeta.
Como doutrinador, pertence ao número daqueles que chegaram à vida erguendo o cântico da Esperança, e bem haja.
Sabe, como todos sabemos, da nossa inferioridade cívica, e que é preciso combater esse mal; e sabe, como todos sabemos igualmente, que está morrendo uma civilização que acumulou crimes e injustiças sociais – e que todos temos de saudar com o coração em labareda o Mundo Novo que nasce sobre a miséria das ruínas fumegantes e sobre a infância de espoliações e tripúdios.
Todo esse bem-querer dum «mundo melhor» freme através das páginas de Augusto de Castro e Sousa, de toda a sua obra literária, vibrante como um clarim da Reconquista saudando a alvorada anunciadora de melhores dias para o destino do homem e da vida.
Sem dúvida, desgraçado, bem desgraçado destino é o daquele que odeia a Liberdade.
E nós, que a amamos, – apesar dos vendavais que procuram derruir as florestas róseas do nosso Ideal, e onde ficaram perdidos e guardados os cânticos melhores da nossa vida, como embalo de oiro – sentimos o coração pleno de alegria quando ao longo da existência vamos encontrando outros companheiros que partilham do nosso sonho e da nossa fé, e que igualmente amam a Liberdade e que acreditam no magistério que ela há-de ditar a todos nós, para que a vida se engrandeça.
Como escritor, é esta a posição doutrinária de Augusto de Castro e Sousa, e bem é que assim seja. Mostra que sabe cumprir o imperativo que se impõe a um verdadeiro intelectual dos nossos dias.
Nada mais é preciso para que o saudemos e o admiremos – nesta hora em que nos oferece este livro, como formosa mensagem.
Primavera de 1960
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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