Prólogo do livro "Nas Horas Livres da minha Profissão", por A. Garibáldi

 

Prólogo do livro "Nas Horas Livres da minha Profissão", por A. Garibáldi



A. Garibáldi
Nome literário do poeta
Artur Garibáldi Pereira Braga



Numa terra bem fadada de poetas – Ponte de Lima –, berço pátrio do meu saudoso amigo General Norton de Matos, Grande de Portugal – e que afinal foi amigo de todos nós, os portugueses –, vive Augusto de Castro e Sousa, que desde os 14 anos de idade viu o seu espírito desabrochar para as letras e para as aspirações altas da vida, escrevendo e sonhando.

Assim, crendo na manhã dos dias belos, este operário-escritor pensa nos que sofrem, nos infelizes, e ama a Liberdade. Mais do que nunca, entendo que é esse o nobre indicativo dum homem do nosso tempo, porque hoje mais do que nunca se sabe que é impossível deter a marcha do mundo, a caminho do sol-alto do Futuro.

Compreendendo-o, Augusto de Castro e Sousa, alia à sua índole de sonhador e romântico a sua posição de doutrinador, e com brilho o faz.

Nesse sonho, escreve como zinem os grilos, naturalmente, como correm livremente as águas dos arroios, sem pedir licença a «panelinhas» literárias (sempre negativas e negadoras), e sabe pelos dias tristes de melancolia recolher a melhor estrofe desse sonho perfeito – ora escutando as cantigas das frautas embaladoras na paisagem que o cerca, ora prendendo-se ao fio de oiro das últimas músicas da manhã que ficaram ensarilhadas em harmonia nas ramas dos pinheiros enfarinhados de luar, pelas auroras formosas. E eis aqui o sonhador que é Augusto de Castro e Sousa. Tem alma de poeta.

Como doutrinador, pertence ao número daqueles que chegaram à vida erguendo o cântico da Esperança, e bem haja.

Sabe, como todos sabemos, da nossa inferioridade cívica, e que é preciso combater esse mal; e sabe, como todos sabemos igualmente, que está morrendo uma civilização que acumulou crimes e injustiças sociais – e que todos temos de saudar com o coração em labareda o Mundo Novo que nasce sobre a miséria das ruínas fumegantes e sobre a infância de espoliações e tripúdios.

Todo esse bem-querer dum «mundo melhor» freme através das páginas de Augusto de Castro e Sousa, de toda a sua obra literária, vibrante como um clarim da Reconquista saudando a alvorada anunciadora de melhores dias para o destino do homem e da vida.

Sem dúvida, desgraçado, bem desgraçado destino é o daquele que odeia a Liberdade.

E nós, que a amamos, – apesar dos vendavais que procuram derruir as florestas róseas do nosso Ideal, e onde ficaram perdidos e guardados os cânticos melhores da nossa vida, como embalo de oiro – sentimos o coração pleno de alegria quando ao longo da existência vamos encontrando outros companheiros que partilham do nosso sonho e da nossa fé, e que igualmente amam a Liberdade e que acreditam no magistério que ela há-de ditar a todos nós, para que a vida se engrandeça.

Como escritor, é esta a posição doutrinária de Augusto de Castro e Sousa, e bem é que assim seja. Mostra que sabe cumprir o imperativo que se impõe a um verdadeiro intelectual dos nossos dias.

Nada mais é preciso para que o saudemos e o admiremos – nesta hora em que nos oferece este livro, como formosa mensagem.

Primavera de 1960

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

Sugestões