Ponte de Lima orgulha-se do seu património e dos valores cultivados pelas suas gentes.

Geograficamente situada em terras de Alto Minho, a Vila mais antiga de Portugal é condicionada pelas características de um povo que, desde que Portugal se reconhece como tal, sempre pautou as suas preferências pela música e pela poesia como expressões de sentimentos que vão da dor da separação à alegria, passando pela saudade e pelo amor. Na verdade, estas foram terras que embalaram trovadores e jograis, na aproximação que sempre foi característica das duas artes – a poesia e a música. E Ponte de Lima foi revelando a sua sensibilidade ao promover e desenvolver as artes que já os deuses na antiguidade tornaram nobres, nomeadamente a poesia e a música, que tiveram em Apolo, também ele deus do sol, a simbologia do apoio divino.

Ponte de Lima embalou grandes poetas, tendo alguns deles marcado a sua época pela criação e adesão a escolas literárias de renome. António Ferreira, Teófilo Carneiro, António Feijó e tantos outros marcaram Ponte de Lima com a sua arte poética. António Feijó e a sua poesia, de características parnasianas, motivaram o então Tenente Amílcar Morais a criar a melodia para o Hino de Ponte de Lima. Para tal, foram seleccionadas algumas estrofes dos poemas Inverno e Alma Triste da obra Ilha dos Amores. O compositor Manuel Faria fez o arranjo para quatro vozes mistas, o maestro José Manuel Brito fez o arranjo e dirigiu a Banda Sinfónica da PSP e o Orfeão Limano deu-lhe voz – nascera o Hino de Ponte de Lima, agora editado em CD. O Orfeão Limiano teve o maior prazer em colaborar, aplaudindo a iniciativa da Casa do Concelho de Ponte de Lima nas pessoas do seu Presidente, José Silva e do Dr. José Pereira Fernandes, na sua qualidade de grandes limianos, pela dinâmica, organização, equilíbrio e sensibilidade emprestadas a esta árdua tarefa das cerimónias do seu 20.º aniversário. O convite dirigido ao Orfeão Limiano, quer para executar o Hino de Ponte de Lima, quer para dar voz ao Hino da Casa do Concelho de Ponte de Lima, foi muito honroso e motivo de orgulho para Ponte de Lima.

O Orfeão foi fundado em Maio de 1979, como valência do Instituto Limiano-Museu dos Terceiros, em Ponte de Lima, através de convite formulado pelo então Presidente e fundador Cónego Carlos Francisco Martins Pinheiro ao Doutor António Oliveira Fernandes que tem sido, ao longo destes vinte e sete anos, o seu director artístico (1). O Orfeão tem-se revelado um grupo muito homogéneo, de aproximadamente quarenta elementos, distribuídos por quatro vozes mistas, amadores, amigos, humildes no canto e no gesto e sempre disponíveis. Este é, provavelmente, o segredo para o facto de muitos dos seus elementos do presente terem assistido, já, ao seu nascimento. Esta longevidade não acontece mas constrói-se, bem alicerçada na presença sempre atenta do actual Presidente do Instituto Limiano-Museu dos Terceiros, Padre Dr. José Gomes de Sousa, na amizade e no apoio com que a Instituição sempre tem contado por parte da Câmara Municipal de Ponte de Lima, na disponibilidade e sacrifício dos coralistas e no carinho de quantos o acolhem.

O apoio dispensado ao Orfeão Limiano tem sido o fundamento deste percurso de quase três décadas. Assim, não admira que o Orfeão se esforce até ao limite por merecer tal confiança e apoio e continuar a ser um embaixador digno da cultura de Ponte de Lima, dando-lhe voz por esse mundo além. Não esquecemos os primeiros concertos no Teatro Diogo Bernardes e na Casa do Concelho de Ponte de Lima em Lisboa, nem os que, de Ponte de Lima, se foram estendendo a muitas outros espaços de Portugal como os dos Encontros de Coros do Norte de Portugal, Encontros Galaico-Portugueses, Encontros de solidariedade, aniversários, actos litúrgicos, festas de Natal, festas do Concelho, casamentos e outros. Terminados que foram os Encontro de Coros do Norte de Portugal, o Orfeão Limiano meteu ombros à tão difícil quão honrosa tarefa de organizar o 1.º Encontro de Coros do Minho, este ano na sua 14.ª edição. Em terras galegas, o Orfeão Limiano tem recebido aplausos de Vigo a Ourense e de Carbaliño e Ginzo de Limia a Santiago de Compostela e Cariño. As suas vozes também se fizeram ouvir em Paris e em Vandoeuvre, perto de Nancy, numa relação cultural proposta pelo acordo de geminação entre Ponte de Lima e esta cidade do nordeste de França.

Muitos outros momentos se escapam por entre os ponteiros do tempo mas, embalado neste sonho, o Orfeão Limiano, com o carinho de todos quantos o ouvem e apoiam, continua decidido a levar mais e mais longe a voz de Ponte de Lima, e a espalhar cantando cada vez mais alto: “Terra mais linda nunca encontrei…”.

Publicado na LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 1, de Janeiro/Fevereiro de 2007

(1) O actual director artístico do Orfeão Limiano é, desde 2013, Nuno Tiago Fernandes Pereira Lima, que orientou a sua reaparição no Concerto de Natal realizado na Igreja Matriz de Ponte de Lima, em 2014.