A morte de Luís Dantas [em 20 de maio de 2011] apanhou-nos desprevenidos. Nada nem ninguém, das esferas celestiais à rasa condição humana, nos precavia de que o Luís nos ia deixar assim, abruptamente, em pleno maio de seivas e sementes. O Luís que ainda há pouco – e ainda bem! – recebeu do nosso Município o reconhecimento de suas muitas e quase sempre discretamente divulgadas obras literárias, mediante a atribuição da Medalha de Mérito Cultural.
Era um dos maiores estudiosos contemporâneos do património limiano, nas suas componentes históricas, etnográficas, sociológicas, etc., estendendo o seu labor a temáticas tão diversas como Ponte de Lima na Revolução de 1383 (1993 e 2006), O Cinema Olympia em Ponte de Lima (2006), A Vaca das Cordas em Ponte de Lima (2006), Os Limianos na Grande Guerra (2008), António Feijó, a Boémia Estudantil e os Primeiros Versos (2008), O Circo em Ponte de Lima (2009) e As Figuras Populares de Ponte de Lima (2009).
Num plano mais vasto de investigação histórica (área em que se licenciou), deixou-nos, entre outras, obras como A Água nas Primeiras Civilizações (1999), O Vinho nas Primeiras Civilizações (1999), Viagens e Descobertas (1999), A Revolução da Maria da Fonte (2001), Bocage no seu Tempo (2001), Os Garranos da Península Ibérica (2002), A Arte da Guerra – 1914 / 1918 (2006), A Geração Coimbrã de 62 (2009) e Retratos Gallegos (2010). Vários outros trabalhos o entusiasmavam, desconhecendo eu se mais algum chegou a sair na sua pequena Editora (Ceres). Prefaciou várias obras e participou em várias outras de colectiva recolha.
Como poeta, Luís Dantas constitui um mistério difícil de decifrar. Em 1970 publicou Pedras Verdes e em 1974 Bolero Bar. Dois livrinhos que, pesasse embora a pouca idade do Autor, concitaram um generalizado interesse e aplauso pelos mais esclarecidos espíritos da nossa terra e do país. Estávamos perante uma inequívoca vocação poética a despontar. Mas, a partir daí, a veia secou ou ele a bloqueou. Nunca mais pudemos desfrutar de uma poesia que tinha tanto de lirismo contagiante, como de denúncia social, sempre em moldes de um profundo conhecimento das poéticas do seu tempo. Estranho também que nem o Padre Manuel Dias nem Couto Viana, dois confessos admiradores do nosso Vate, tenham incluído o seu nome nas antologias que organizaram, respectivamente: Colectânea de Autores Limianos Contemporâneos (1996) e Cancioneiro do Rio Lima (2001). Expressa vontade de Luís Dantas?
Ia fazer 65 anos no dia 3 de Agosto. Morreu antes de todos os prazos admissíveis para o homem bom que era e o grande poeta e escritor que é. Honraremos a sua memória se soubermos valorizar o grande legado que nos deixou.
Publicado na LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 23, de Junho de 2011
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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