Texto publicado no livro da edição inaugural do Festival Internacional de Jardins (realizada no ano de 2005), editado pelo Município de Ponte de Lima, com o título “Ponte de Lima Festival de Jardins”.
Ponte de Lima é hoje uma terra profundamente caracterizada por três marcos que lhe dão uma identidade própria e talvez única em todo o País – o Ambiente, o Património e a Ruralidade.
Nos últimos doze anos fizemos uma forte aposta nos espaços verdes e nos jardins como fio condutor de uma estratégia de atractividade dos visitantes e de aumento de qualidade de vida para os residentes.
A obtenção de três vitórias em outras tantas participações no Concurso Nacional de Vilas e Cidades Floridas e a obtenção de duas medalhas – uma de bronze e outra de prata – no Concurso das Vilas e Cidades mais Floridas da Europa (1999 e 2000), deu-nos força e inspiração para apostar neste sector, não apenas como uma cultura do Ambiente e da Paisagem, mas também como força económica potencialmente geradora de mais riqueza, através do turismo e da gastronomia e do incremento de visitantes amantes da terra e do verde das plantas.
A ideia do Festival Internacional de Jardins apresentada pelo meu amigo Francisco Caldeira Cabral começou a ganhar forma a partir de uma visita, por ele guiada, ao festival da pequena Vila Francesa de Chaumont, sensivelmente da idade e do tamanho da vila de Ponte de Lima, mas visitada todos os anos por dezenas ou centenas de milhar de apaixonados pelos jardins e pela arte associada.
O grande objectivo deste, primeiro, Festival do género em Portugal é reafirmar essa imagem de Ponte de Lima a nível nacional e internacional e contribuir para o movimento, cada vez mais necessário, que restabeleça o equilíbrio da paisagem e dos espaços verdes com a fúria desenfreada das construções urbanas desprovidas de gosto e inestéticas.
Este é sem dúvida um desafio aos paisagistas, arquitectos, artistas, engenheiros, estudantes, jardineiros, donas de casa, curiosos e sonhadores.
Façam deste espaço um exercício de liberdade e quiçá um palco de alerta e de mensagem para as grandes questões da terra, do ambiente e da cultura para que possamos humanizar mais, muito mais, a sociedade do futuro.
Este evento, único a nível nacional, é também uma homenagem a todos os jardineiros e às mulheres limianas que colocam as plantas no seu quintal ou no vaso da janela com muito amor e carinho, tal como o Miguel Linhares fazia com as suas camélias que depois dava, aos milhares, a todos os amigos e aos espaços da vila que ele tanto amava.
Que este Festival possa inspirar e trazer a Ponte de Lima os amantes conhecidos e todos os anónimos que vêm por bem e que haverão de levar mundo fora uma lembrança da Vila Mais Antiga de Portugal.
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
Sugestões