Duas palavras que resumem um texto que ultrapassam um livro não fácil para descrever este homem que atravessa quatro gerações e em todas elas marca uma presença inesquecível.
Desde muito jovem cruzamo-nos em ambientes familiares e de amigos, até como autarcas, ele, como Presidente da Câmara de Ponte de Lima e eu como Presidente da Junta de Freguesia de Calheiros.
No entanto, o período mais importante da relação entre ambos correspondeu ao nascimento e crescimento do Turismo de Habitação, do qual foi pioneiro em Portugal, tendo aceite o desafio de abrir a sua casa num período em que se vivia um momento particular da nossa história, de convulsão e incerteza em relação ao futuro.
Inovador e arrojado, foi exemplo para muitos que o seguiram, inclusive eu próprio ao recuperar o Paço de Calheiros e ao lançar a TURIHAB - Associação do Turismo de Habitação, da qual foi fundador e Presidente da Assembleia Geral, mantendo-se por uma longa vintena de anos.
Conselheiro, sempre conciliador, atento e oportuno, esteve no âmago de grandes decisões da nossa Associação que acaba de cumprir 30 anos, contribuindo assim para o êxito dum produto turístico que, partindo da preservação do património privado, se constituiu numa das melhores ofertas turísticas de Portugal.
Uma palavra imprescindível para sua amantíssima mulher Dona Ana Magalhães d’Abreu de Lima, para nós a Anita, que esteve presente em todos os momentos cruciais da TURIHAB e de quem guardamos sempre um papel determinante para o seu engrandecimento.
Para todos aqueles que privam com ele nunca faltou uma palavra amiga e um exemplo de retidão e verticalidade e de princípios, que é uma honra partilhar da sua afabilidade, cultura e saber.
A Câmara Municipal de Ponte de Lima muito lhe deve, porque, para além de tudo, deixou uma escola de gestão que ainda hoje se reflete numa das mais saudáveis e prósperas autarquias do país.
Foi, sem dúvida, percursor duma estratégia de parceria do setor público e privado aliada a uma forte componente do turismo e da cultura, abrindo em Ponte de Lima o primeiro Posto do Turismo de Habitação a nível nacional, com a escolha certa da pessoa certa para o lugar certo, e promovendo as jornadas do Caminho de Santiago e o Congresso Galaico-Minhoto, intensificando uma cooperação transfronteiriça.
A instalação do Arquivo de Ponte de Lima na Cadeia Velha deu início a um novo ciclo dedicado à cultura e ao património que ainda hoje é continuado pelo seu filho e seu homónimo que honra a obra deixada pelo seu pai.
Se me é permitido, aqui deixo um repto para que lhe seja organizada uma homenagem pública por todo o seu testemunho quer como primeiro autarca eleito de Ponte de Lima da nova era da democracia portuguesa quer como pioneiro de Turismo de Habitação em Portugal.
Disse-lhe muitas vezes depois do meu pai falecer que encontrei nele uma pessoa com a serenidade, a amizade e o carinho que me fez sentir a sua presença. E também sinto que mereci a sua confiança. Não foi de ânimo leve que em determinado momento me desafiou e convidou para me candidatar à Câmara de Ponte de Lima, ao que lhe respondi que não podia abandonar um projecto em que estava empenhado de alma e coração e do qual dependia o futuro de inúmeras casas a nível nacional.
Fica a memória de grandes momentos que temos passados juntos e o desejo de poder continuar a contar por muitos anos.
Ponte de Lima, 11 de Novembro de 2013
In: LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 35, de Dezembro de 2013
