Tese de Doutoramento - Resumo

 

Tese de Doutoramento - Resumo

Cortesia Linguística, uma Competência Discursivo-textual
(Formas verbais corteses e descorteses em Português)

 

(Dissertação em Linguística, especialidade de Teoria do Texto, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, em finais de 2002 e defendida em 31-03-2003)

 Resumo

A cortesia verbal é um ramo da Cortesia Geral que inclui também cortesias e descortesias não verbais e paraverbais. Os comportamentos socioverbais constituem o objecto da Cortesia Linguística, bem como as teorias e modelos de sua descrição e análise, tal como as regras e regularidades inventariadas e descritas por gramáticos e linguistas do sistema. Trata-se, por isso, de estudo translinguístico que tem em consideração também aspectos de natureza transcultural. É neste duplo sentido que se considera e mostra que os diferentes comportamentos socioverbais, além de mais ou menos corteses ou descorteses, constituem desempenhos duma competência discursivo-textual, que em todas as interacções verbais, estritas (interlocuções) ou latas (alocuções e elocuções), orais ou escritas, formais ou informais, correntes ou ficcionais e literárias, se concretiza, explícita ou implicitamente, ora para atenuar comportamentos descorteses, ora para expressar e/ou intensificar comportamentos corteses ou descorteses.

Identificar e descrever meios e mecanismos linguísticos e discursivo-textuais de expressão/construção de cortesias e descortesias, em Português europeu, bem como os seus reflexos nos discursos-textos produzidos e/ou a produzir, constitui a tese deste estudo e que pode ser reformulada nas duas questões seguintes:

(i) Que influências exercem as relações pessoais e sociais, no Locutor e no Alocutário, e de um e outro, ou de ambos, em terceiro(s), e deste(s) nos primeiros, na selecção e construção daqueles meios e mecanismos?

(ii) Que influências exercem tais meios e mecanismos, no estabelecimento e gestão de tais relações?

O modelo de análise seguido é proposto por Kerbrat-Orecchioni, eclecticamente construído sobre as teorias fundadoras de Lakoff, Leech e de Brown & Levinson, que se fundamentam, por seu turno, na Teoria Ilocutória (Austin e Searle), na Lógica Conversacional (Grice) e nas Teorias da «Face» e «Territórios do Eu» (Goffman).

São complexos os meios e mecanismos de construção de cortesias e descortesias verbais, em Português europeu. Feito o seu levantamento e classificação, centra-se este estudo, fundamentalmente, nos valores semântico-pragmáticos dos tempos e modos verbais, por um lado, e dos tratamentos, por outro, como formas e estratégias de cortesia positiva e negativa. Aos tratamentos, meios complexos e sugestivos de auto e heterorreferência, e processos de auto e heterofiguração, a nível proxémico e/ou taxémico, dedica-se, por isso, maior desenvolvimento teórico e de análise. Além de estratégias de cortesia ou de descortesia, constituem eles também cortesias ou descortesias estratégicas de natureza retórica e argumentativa, que configuram, por seu turno, dimensões enunciativas de natureza dialógica e polifónica. Os tratamentos, como todos as outras construções verbais, só surtirão os efeitos desejados, corteses ou descorteses e por vias corteses ou descorteses, se os interactantes forem dotados duma competência discursivo-textual que contemple todos os aspectos translinguísticos e transculturais que a Cortesia Linguística deve passar a estudar, no quadro teórico da Análise Discursivo-textual.

Ser competente em cortesia/descortesia verbal, é tanto saber reconhecer a quantidade, qualidade e diversidade das suas fórmulas e formas, como reconhecer os mecanismos e os valores que suportam e explicam a sua construção e uso, segundo os diferentes co(n)textos de ocorrência e respectivas dinâmicas. A competência discursivo-textual de cortesia/descortesia contempla, por isso, também uma dimensão de metacompetência de cortesia e/ou de descortesia.

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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