João Barros

De forma emparelhada, nesta obra, revelam-se a generosidade do autor na elaboração do livro e a daqueles que se aplicam na preparação de um sarrabulho.

Quer um quer outro destinam-se mormente à partilha com os outros. Nesses atos sociais inscrevem-se impulsos oriundos da matriz generosa da cultura do nosso povo.

Nesta obra espelham-se essas duas faces generosas.

No ato da escrita brilham o propósito de legar aos seus netos (e aos outros – digo eu), o registo factual dos usos e costumes, a organização pedagógica por temas e a arrumação da verdade no nosso ADN cultural.

Com itinerário perfeito a narrativa entusiasma. Nesse percurso bem idealizado encontramo-nos com a família, os amigos, os vizinhos… com o mundo. Com a entreajuda, a solidariedade, a filosofia do não desperdício, pautando pelo aproveitamento e a dignidade do trabalho, encontramo-nos com a deliciosa fartura do prato e a alegria de quem o prepara e partilha.

O saudoso Dr. Luís Dantas, autor do prefácio, a certa altura diz “… a outra prosa também é colorida, sonora, festiva, etnográfica. Por isso mesmo dá-nos uma visão ampla da importância do reco na economia rural; rituais da matança; preparação das iguarias; crendices célticas; culto a Santo António; graças ao dia de fartura partilhado fraternalmente com vizinhos ou gente pobre; convívios à mesa; palavras de ânimo; acordes de concertina e estórias que se contam ao esvaziar malgas de vinho verde.”  

Felicitações à Fundação Caixa Agrícola do Noroeste que em boa hora entendeu editar esta obra.

Leia, prove e seja feliz.

 “A felicidade vem do estomago.” Dizia com propriedade o Sr. João Feijó.

In: LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 30, de Dezembro de 2012