Rio Lima
O mar
absorve-me o olhar.
Prefiro o Rio Lima:
deixa-me, sempre,
outra margem.
descontos diversos – pág. 14
A minha terra
a minha terra
é um largo muito grande,
e os homens
são como os plátanos
da marginal.
só quem conhece
a minha terra
sabe o amor numa folha
a dor na distância.
a minha terra
não é nada
e marca-nos tanto.
descontos diversos – pág. 15
Ponte de Lima
Ponte de Lima,
filha de rio e pedra
companheira de durar
mãe de plátanos e areia
Olhai por nós
Não vos deixeis roubar
não queirais vestido novo
que vos dê um mau trajar
Olhai por nós
E pelos outros, que hão-de vir
e também vos querem ver
guardai a vossa beleza
que o tempo há-de querer.
descontos diversos – pág. 16
Gosto
Pego nas palavras como te acaricio
e coloco-as umas após outras
como te beijo
Depois, percorro-as, entro nelas
como se estivesse
a fazer amor contigo,
Sabes,
eu gosto é de ti
e das palavras.
descontos diversos – pág. 41
Fragmentos de Sombras
Fragmentos de sombras
esvoaçam
murando de desilusão
os risos
e alegrias de partilha.
São
raios de cegueira
mostrando
o efémero da vida.
Fragmentos de Sombras – pág. 20
Sonhei ser…
sonhei ser artista
de circo,
andar
de terra em terra
sem sair do lugar –
o centro da pista,
vestir roupas garridas,
brilhantes, coloridas,
rodopiar no ar –
ser fogo na vista,
ser ilusionista,
e, no despertar das emoções,
afugentar a tristeza, o tédio,
eclipsar as desilusões.
Fragmentos de Sombras – pág. 25
Naquele canto…
Naquele canto
pertinho do abrigo,
onde eu brincava contigo,
poisavam andorinhas.
Agora,
triste cenário,
restam os ninhos
e uma andorinha morta,
mumificada,
como imagem parada
dum tempo que não volta.
Fragmentos de Sombras – pág. 6
Relógio
Caminho
com peso
do tempo
que em mim
se acumula.
Sinto
vagares,
ombros
vergados
aos
espaços
precisos,
à lentidão
macerada
deste ponteiro
que, de divisão
em divisão,
repisa
os mesmos lugares
e me enche
o corpo
de vergões
inúteis.
Revista Limiana n.º 6, de Fevereiro de 2008, pág. 13
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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