Euclides Rios:
Fernando Castro e Sousa tem todo o substrato necessário para ser poeta e um bom poeta, como já era desde os bancos da escola secundária, onde tive o prazer de o ter por aluno.
Vê e observa o mundo como só os poetas o vêem; sente o devir do tempo e dos factos como só os poetas o sentem; e veste esse ver e esse sentir com uma roupagem de beleza, profundidade e concisão, como só os poetas são capazes de fazer.
O verso curto e incisivo, espraia-se numa frase, às vezes longa, correndo ligeira e brilhante estrofe abaixo, qual cascata barulhenta que ora explode fragorosa no pego rodopiante final da encosta, ora se abandona dengosa ao espelho das águas calmas da poética levada, em remansoso descanso de início da caminhada, para incógnito e incerto destino.
A brevidade da linguagem não tolhe a profundidade de um lirismo naturalista e límico, nem trava o adorno conotativo indispensável à beleza do texto poético.
Por outro lado, a musicalidade e harmonia do discurso não coíbe a punhalada justiceira do poeta de intervenção, nem a pureza e elevação dos sentimentos que emanam de todo o verbo, se incompatibilizam com algumas pinceladas ardentes, de um são erotismo tão natural e próprio do animal humano.
Quem gosta das coisas simples e belas, gosta, com certeza, da poesia de Fernando Castro Sousa, como o demonstra esta segunda edição de “A Sedução do Pólen”, após uma primeira que se esgotou rapidamente.
