Euclides Rios:
Eis agora Fernando Castro e Sousa, com “Memória da Água”, a demonstrar o espírito profético, o poder de dizer o indisível, de antecipar o futuro, de legendar o passado e de abarcar, com a originalidade simples e fácil dos reais poetas, o panorama do mundo e o arrojo insofrido e insaciável do Homem, navegador de todos os mares e argonauta de todos os espaços. Desta vez o verso é mais denso, rico de significado, parco de palavras e sons, resumido mas sumarento, transparente como água cristalina, ágil como gaivota reçando as naus.
Fernando Morais:
Feitos de água pura, da palavra exacta, medida, sóbria, estes poemas são todos equivalentes na sinfonia e todos diferentes na preocupada dor e alegria que transmitem. São feitos de vida, de respiração ofegante, mas de preciosa calma e certeza. Cada verso foi trabalhado, ajustado, encastrado, com a mesma precisão, com o mesmo amor artesão, com a mesma qualidade de pormenor. “Memória da Água” é um livro que dá cor aos sentimentos, aos projectos, aos instantes.
Alberto Antunes Abreu:
Fernando Castro e Sousa, em versos curtos (pode ser que não seja para serem lapidares, mas que pela concisão se tornam lapidares), sonoros, usando uma linguagem coloquial quase com imagens extraídas da vida e do quotidiano das pessoas (o mar, a nudez e o vestido, a manhã e a tarde, a chuva e o sol, o mar e o rio, os barcos, as velas e as gaivotas, os anjos, as mulheres, as éguas, a música dos búzios), com imagens e palavras tiradas do “Dicionário do Povo”, exprime os seus sentimentos (estamos perante lídima poesia lírica), de ânsia, procura, interrogação, solidão, amor, medo, lucidez, frontalidade, a vida enfim. E com isto cria sintagmas poéticos duma beleza e expressividade notáveis.
A sua poesia só assume verdadeira dimensão poética à segunda leitura. Quer dizer que quanto mais se lê mais se gosta.
Aria Arlete Faria:
No seu livro “Memória da água” Fernando Castro e Sousa, mantém a sua estrutura formal assim como a frescura de uma poesia aliterante e um acentuado gosto e envolvência do sujeito poético pela paisagem líquida, consciente das suas origens, homem do litoral aquoso, onde esse elemento natural é privilegiado e serve de mote às suas deambulações físicas, psíquicas ou sociais. Fernando Cristóvão diz-nos “ a tendência para o mito e a evasão sempre existiu entre os homens, e é irmã gémea do próprio desejo de felicidade. Fenando Castro e Sousa faz parte desta herança, mas sempre com os pés na terra, consciente que o desejo de felicidade plena é uma meta inalcançável. Sem dúvida a viagem, metáfora da água, como sinal de aventura, liberdade e originalidade é uma das constantes do seu segundo livro. Emanada da água é a paisagem aquosa e o que ela nos oferece de belo. O sujeito lírico é ainda um poeta do olhar, lembrando por vezes Caeiro, mas enquanto, este procura um espaço mais interiorizado e bucólico, o sujeito lírico do livro de Fernando Sousa é voltado para o exterior, procurando na superfície líquida o imaginário, o belo, a vida, o sonho, a liberdade, a sedução e o amor e nunca despojado de gente.
A par desta aventura, o sujeito poético analisa-se e analisa-nos nos nossos atos díspares e por vezes vergonhosos. Assim uma série de poemas realçam o amor incondicional à liberdade, retratam a vitimização da mulher, o sustento, a rotina, o anonimato, a indiferença, os vendidos e os que nunca se vergam, a intimidade e a angústia.
O sujeito lírico retrata-nos por vezes desejos ou estados antagónicos mas sobre todos eles perpassa a acalmia, o amor e a deambulação.
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
Sugestões