General NORTON DE MATOS
Ponte de Lima
Portugal

24 de Setembro de 1953

Ex.mo Senhor
Doutor Pedro de Campos Tavares
Dig.mo Procurador da Casa Pia de Lisboa

Vive nesta vila de Ponte de Lima um rapazinho de 15 anos de idade, com notáveis qualidades artísticas e de inteligência, de boa índole, bem educado e muito simpático pelo seu porte e maneiras. Vive com a sua Mãe, boa mulher e muito trabalhadeira e merecedora do bom acolhimento dos habitantes desta vila que como eu e minha família a estimamos e consideramos a ela e ao filho.

Foi este rapazinho educado e instruído na Oficina de S. José, onde se encontra actualmente, estimado pelo seu Director, o Rev.º Prior desta vila, pelo pessoal docente e pelos colegas.

Deseja ele, a Mãe, e todos nós que este rapazinho, cujo nome é Ovídio da Fonte Carneiro, seja auxiliado de modo que as suas qualidades se aproveitem e se faça dele um homem útil à sua Pátria e à humanidade inteira. É este também o meu desejo e impelido por este sentimento me venho dirigir a V.ª Ex.ª a pedir-lhe com o maior empenho que faça o possível para que Ovídio da Fonte Carneiro seja admitido na Casa Pia de Lisboa e apoiado por essa Instituição, à qual o nosso Paiz tanto deve, ele possa atingir a situação que ambiciona.

Junto a esta carta os seguintes documentos:

- Requerimento de Ovídio da Fonte Carneiro ao Senhor Subsecretário do Estado da Assistência Social, a pedir o seu internamento na Casa Pia de Lisboa;

- Certidão de Nascimento do mesmo;

- Atestado médico e de vacina;

- Diploma de aprovação com distinção nas provas do exame de 2º grau de ensino primário elementar;

- Atestado da junta de Freguesia de Ponte do Lima;

- Informação do Rev.º Padre Manuel José Barbosa Correia, Prior da Vila de Ponte de Lima e Director da Oficina de S. José;

- Em envelope separado seguem alguns trabalhos artísticos dos muitos já executados por Ovídio da Fonte Carneiro.

No caso de deferimento e boa solução desta pretensão, peço a V. Ex.ª se digne dizer-me o enxoval que o rapazinho deve levar e mais despesas a fazer.

Termino pedindo a V. Ex.ª que me desculpe o incómodo que lhe venho dar e que aceite as minhas mais subidas manifestações de consideração e respeito.

Norton de Matos