Ovídio da Fonte Carneiro, Pintor e Arquitecto Casapiano – Testemunho de 13 Casapianos da Geração da Década de 50

 

Ovídio da Fonte Carneiro, Pintor e Arquitecto Casapiano – Testemunho de 13 Casapianos da Geração da Década de 50

 

Os anos cinquenta foram extremamente fecundos para a «arte casapiana». Para além de outros talentos que já haviam surgido anteriormente e que nessa altura se confirmaram, como Martins Correia, Palma de Melo ou António Cândido, é o tempo da afirmação de uma verdadeira geração de ouro, na qual podemos filiar, entre outros, Helder Batista, Gil Teixeira Lopes, Francisco de Aquino, Armando Jorge, Augusto Trigo, Armando Diniz, Ovídio da Fonte Carneiro, Mário Hélder Faria e Rogério Machado.

Teremos que procurar no «ambiente pedagógico» da Casa Pia desses anos as causas profundas para este excepcional surto das artes. Tal como sucedera, aliás, no início do século XX com a «geração Margiochi» ou, muito antes, ainda no tempo do fundador, com a brilhante plêiade de artistas que estagiaram na Academia de Belas-Artes da Casa Pia em Roma.

Embora gasta, vale sempre a pena relembrar a conhecida frase de Ortega y Gasset: «Yo, soy yo y mi circunstancia». E a «circunstância» dos anos cinquenta foi extraordinariamente favorável ao encaminhamento de muitos jovens casapianos para as artes plásticas, como aconteceu com o Ovídio. Nós, que fomos contemporâneos de quase todos eles em Pina Manique, relembramos sempre a admiração que sentíamos pela qualidade do desenho de ornato, ou pelas pinturas expostas no refeitório, incluindo uma “Última Ceia”, datada de 1957, obra colectiva desta geração, que aqui reproduzimos.

Da «circunstância» faziam também parte professores competentes e estimulantes como Martins Correia, Albertino Guimarães, Raul Xavier ou Álvaro Perdigão. E o clima propício a uma grande diversidade cultural: a prática da música (coral e instrumental), do teatro, etc. Já o tem sido afirmado noutras ocasiões: num país modesto como o nosso, numa altura em que pouco mais de 10% da população fazia estudos secundários e menos de 2% dos portugueses chegavam à Universidade, a Casa Pia proporcionava-nos boas oportunidades. Uns souberam (ou puderam) aproveitá-las, outros não. Mas o saldo, inegavelmente positivo, está aí.

Vem tudo isto a propósito do aniversário do nosso amigo e companheiro Ovídio Carneiro que, desde a infância em Ponte de Lima e da juventude na Casa Pia de Lisboa, revelou um talento para as artes plásticas que a passagem do tempo apenas confirmou.

Em 1983, o dedicadíssimo casapiano António Bernardo, fundador da Biblioteca-Museu Luz Soriano, do Casa Pia Atlético Clube, pediu a Ovídio Carneiro que pintasse um retrato de Diogo Inácio de Pina Manique, o fundador da Real Casa Pia de Lisboa, em 1780. Reproduzimos também aqui essa obra, reveladora da sua mestria como pintor.

Para os companheiros casapianos que ainda não os conhecem, recomendamos a leitura, entre outros, de dois textos incluídos na página da Internet deste Ponte de Lima Cultural, um da autoria de José Pereira Fernandes, intitulado “Ovídio Carneiro – Artista, arquitecto e pedagogo”, outro da autoria de Ricardo de Saavedra, intitulado “Ovídio Carneiro – Jovem pintor limiano”.

Estes textos, melhor do que nós faríamos, fazem-nos o retrato completo do nosso companheiro e amigo Ovídio Carneiro, como artista e pessoa de raras qualidades humanas e profissionais.

 

Aditamento pessoal do pintor casapiano Francisco de Aquino sobre Ovídio Carneiro

Um Bom Amigo, um Pintor sério, uma saudade de uma relação sempre correspondida com gosto, empenho e disposição feliz entre nós. Toda a vida esteve sempre na minha memória de uma forma íntima, respeitadora e saudosa da simpatia da sua pessoa. Estivesse eu onde estivesse.

Vimo-nos na Galeria do Museu Nogueira da Silva, em Braga, há muito. Foi uma satisfação muito grande ter recebido a sua visita – e o seu abraço (sem gr. efusões, como era próprio dele) – e a de Carminda sua Mulher. Bem quis corresponder todo este tempo, mas não foi possível.

Obrigado por me ter sido dada esta oportunidade de partilhar o mesmo abraço ao Ovídio de toda a gente, no passado e no presente!

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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