O Senhor Director da Revista Limiana pediu-me um testemunho sobre o Padre Manuel Gomes Dias, enquanto Pároco que foi de São João Baptista de Nogueira, Arciprestado de Viana do Castelo.
Faço-o com muito gosto, como paroquiano durante mais de trinta e cinco anos, como antigo colega de estudos vários anos, e, acima de tudo, como seu amigo de sempre.
O Padre Manuel Gomes Dias é Sacerdote, há cinquenta e quatro anos, durante os quais se dedicou inteiramente a Deus e aos irmãos, que serviu até aos limites das suas forças físicas.
Foram anos de trabalho intenso, feito com muita competência, dedicação e amor, muito saber, zelo e isenção ao serviço do povo de Nogueira, onde nem sempre pontificaram as rosas.
A sua actividade, sempre muito discreta, como é apanágio dos homens grandes, foi exercida junto de todos, crentes e não crentes, das crianças na catequese, dos jovens nas suas diversas opções de vida, dos adultos, dos enfermos e dos mais desfavorecidos e carenciados.
Segundo o Vaticano II, “o ministério sacerdotal exige que os ministros de Cristo vivam neste mundo entre os homens e, como bons pastores, conheçam as suas ovelhas e procurem trazer aquelas que não pertencem a este redil, para que também elas oiçam a voz de Cristo e haja um só rebanho e um só pastor”, mensagem que o Padre Manuel Dias sempre cumpriu ao longo da sua vida de pastor. Procurou unir e não separar, chamou todos para o seu redil, ofereceu a todos uma oportunidade de seguirem pelo bom caminho, de ouvirem os seus conselhos, de escutarem as suas palavras e de seguirem o seu exemplo.
O Padre Manuel Dias foi um homem bom, de grande simplicidade e humildade, mas grande no seu saber, que a todos cativava e surpreendia com o seu verbo fácil e eloquente e que nos momentos de lazer, nos deliciava com uma piada fina e oportuna, ou uma história, a propósito, sempre bem contada.
A acção do Padre Manuel Dias, em Nogueira, não se ficou, apenas, pela parte religiosa propriamente dita, ela esteve atenta à gestão do património paroquial, procurando as melhores soluções em cada momento. Assim, foram, ao longo dos anos, realizadas importantes obras de conservação, na Igreja, na Capela de N.ª S.ª da Conceição da Rocha, no Salão Paroquial e na Residência, esta restaurada na totalidade, para além das obras que foram realizadas, em várias ocasiões, na Capela Românica de São Cláudio, monumento nacional, por força das suas diligências e empenho.
As suas relações, com outras entidades da paróquia, foram sempre francas e de sã convivência, colaborando com espírito de bem servir o povo que lhe foi confiado.
Assim, durante vários anos, cedeu uma parte do Salão para sede da Junta de Freguesia, e, depois, para sede de um Grupo Desportivo; outra parte para o Jardim de Infância, até este dispor de edifício próprio, tendo repartido, com ele, parte da água da residência.
Por outro lado, dispensou, por algum tempo, um espaço no passal, para um grupo de jovens montar uma estufa, para horticultura, e, com a venda dos produtos, custear as despesas da associação que constituíram.
Conduziu, ainda, com sucesso, as negociações para dois alargamentos do cemitério, que careciam de parcelas de terreno do passal.
Um dos últimos sonhos mais acalentados do Padre Manuel Dias, que alimentou durante anos, foi a construção da Casa da Catequese, que, com muita satisfação e alegria, viu concretizada nos últimos tempos do seu ministério ao serviço do povo de Nogueira.
Não é fácil sintetizar, em meia dúzia de linhas, a obra de carácter espiritual realizada por um sacerdote, que, durante três dezenas e meia de anos, esteve à frente de uma paróquia. Ela poderá ser vista, muito palidamente, na vivência colectiva desse povo e no seu comportamento face ao religioso.
Atrevo-me a dizer que é imensamente maior a obra silenciosa que o Padre Manuel Gomes Dias realizou no coração de cada um dos seus paroquianos e dos que com ele privaram, ou o conheceram, do que aquela que materializou e facilmente podemos mensurar e observar.
Gostaria de referir que o relacionamento do Padre Manuel Gomes Dias com os seus colegas de sacerdócio, naturais de Nogueira, foi sempre muito cordial e fraternal, de espírito aberto e de mútua colaboração. Nogueira tinha, no início do seu mandato, sete sacerdotes, dos quais, felizmente, cinco estão vivos.
As comemorações das suas Bodas de Ouro Sacerdotais, celebradas em Nogueira, no dia 15 de Agosto de 2008, foram, creio eu, um momento único na vida do Padre Manuel Gomes Dias, ao ver à sua volta, a Paróquia em peso e muitos Nogueirenses, vindos de vários pontos do país e do mundo, que se quiseram associar a esta celebração.
Que o Senhor conserve o Padre Manuel Gomes Dias com vida e saúde por muitos anos!
Nogueira, 11 de Novembro de 2012
In: LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 30, de Dezembro de 2012
Ponte de Lima no Mapa
Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.
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