Carta ao Poeta Cláudio Lima, por António Manuel Couto Viana

 

Carta ao Poeta Cláudio Lima, por António Manuel Couto Viana



António Manuel Couto Viana



 

Carta ao Poeta Cláudio Lima

 

Meu caro Cláudio Lima:

quem me dera

visitar Ponte de Lima

nesta plena Prima-

vera!

 

Voltar a ver esse quadro

que tu tantas vezes vês

sublimado

por Domingos Alvarez.

 

Os azuis do céu e rio;

entre os dois azuis, a ponte.

E o arvoredo sombrio

que desce o monte.

 

No verde, o pincel espalha

manchas de cal.

(Faltam torres da muralha

e a feira no areal.)

 

Mas, no lirismo que escorre,

ainda alveja

uma torre

de uma igreja.

 

Gozar a natureza

da vila ribeirinha!

Chamar, a tanta beleza,

minha!

 

Sol dos meus Verões

de adolescente feliz:

café, no Largo Camões,

uma oração na Matriz

e a busca de corações

que, no meu, ganham raiz.

 

Meu Poeta Cláudio Lima,

espera

que eu vá, agora, lá acima,

para amar Ponte de Lima

no ardor da Prima-

vera!

 

(8.11.2008)
António Manuel Couto Viana

 Publicada na LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 10, de Dezembro de 2008



 

Nota do Editor

Esta “Carta ao Poeta Cláudio Lima” foi lida por António Manuel Couto Viana na Biblioteca Municipal de Ponte de Lima, em 8 de Novembro de 2008, aquando da apresentação do seu livro Os Despautérios do Padre Libório e outros contos pícaros por Cláudio Lima, correspondendo à segunda versão deste poema.

A primeira versão (ligeiramente diferente), que de seguida se transcreve, havia sido enviada por Couto Viana a este seu Amigo Limiano, na Páscoa de 2007.

 

 

Carta ao Poeta Cláudio Lima (primeira versão)

 

Meu Poeta Cláudio Lima:

quem me dera

visitar Ponte de Lima

nesta plena Prima-

vera!

 

Voltar a ver esse quadro

que tu tantas vezes vês,

pintado

por Domingos Alvarez.

 

Os azuis do céu e rio;

entre os dois azuis, a ponte

e o arvoredo sombrio

que desce o monte.

 

No verde, o pincel espalha

manchas de cal.

(Faltam torres da muralha

e a feira no areal.)

 

Mas no lirismo que escorre,

ainda alveja

uma torre

de uma igreja.

 

Quem me dera gozar a natureza

da vila ribeirinha!

Chamar, a tanta beleza,

minha!

 

Vila que evoca a saudade

da adolescência feliz

e que o coração me invade

com a seiva da raiz.

 

Meu Poeta Cláudio Lima:

espera

que eu vá, agora, lá acima,

para amar Ponte de Lima

no ardor da Prima-

vera!

 

Páscoa. 2007
António Manuel Couto Viana

Publicada na LIMIANA – Revista de Informação, Cultura e Turismo n.º 2, de Março/Abril de 2007

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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