Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho

 
« Retroceder

Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho


Na Gulbenkian, até 7 de Outubro de 2019

 

 

Esta exposição explora a relação entre a obra de Sarah Affonso e a arte popular do Minho. Muitas vezes recordada como a mulher de Almada Negreiros, pretende-se aqui evocar Sarah Affonso como uma artista modernista reconhecida com um percurso próprio, de notável qualidade.

 

O Museu Gulbenkian celebra o 120.º aniversário do nascimento de Sarah Affonso, pintora portuguesa modernista cuja obra tem sido muito pouco investigada e exposta. Muitas vezes recordada como a mulher de Almada Negreiros, é uma artista de nome reconhecido e tem um percurso próprio, de assinalável qualidade, que aqui nos propomos revisitar.

Esta exposição centra-se na particular relação de Sarah Affonso (1899-1983) com a arte e a cultura popular do Minho, que tão fortemente a marcou desde os anos da sua infância e adolescência em Viana do Castelo, entre 1904 e 1915.

Destes anos, a artista guardará na memória o especial caráter da terra minhota, das suas tradições, das feiras, procissões e romarias que ganham protagonismo na sua obra a partir de 1932-1933.

Apesar do retrato ter sido a grande marca autoral da sua obra, a artista abandona este registo, preferindo integrar determinados aspetos do vernáculo minhoto nas suas composições.

Apesar de na segunda metade da década de 1920, Sarah Affonso ter pintado muitos retratos, sobretudo de crianças, além dos irmãos e de diferentes amigos, encontramo-la, no início da década de 1930, interessada em retratos de mulheres onde ganha visibilidade a temática do «popular».

São retratos de mulheres anónimas, que usam lenços na cabeça, e que podem ser classificadas como «mulheres do povo». Contudo, a representação cultiva um carácter próximo do retrato clássico, de grandes personagens, o que lhes confere uma presença quase simbólica (ao mesmo tempo que interroga as características de representação social do retrato antigo).

O poder da pintora retratista reside na captação da presença forte destas figuras, na sugestão da luz, no colorido contrastante entre a figura e o fundo, na harmonização da cor dos lenços com a cor do vestuário, na atenção sabiamente captada do observador para os rostos e as mãos das retratadas que marcam a cadência psicológica do retrato.

Com uma pintura sempre sustentada na importância da figura, Sarah Affonso redescobre o Minho em 1933, considerando-a «uma região à espera de pintores».

São desse ano e até 1936, algumas pinturas que se afastam do tratamento mais clássico do retrato e procuram representar a região e aspetos particulares da sua natureza. Estas obras focam o lado feminino, matriarcal, simultaneamente contemplativo e ativo, dessa mesma natureza que é quase, também, um estado natural. Nelas o tratamento da figura é sumário, voluntariamente pouco acabado, quase tosco, pondo em destaque as mãos e os pés que surgem como instrumentos de trabalho e de contacto com a terra, com as crianças que, por sua vez, ligam as mulheres à fertilidade da terra.

A exposição apresenta, em paralelo, as obras de Sarah Affonso com os objetos cerâmicos, têxteis, de ourivesaria, que formam parte do léxico visual que a inspirou e onde se incluem empréstimos de museus e colecionadores portugueses.

O Museu Calouste Gulbenkian associa-se ao Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, que assinala este aniversário com uma exposição sobre a artista, a inaugurar em setembro deste ano.

 

Nota do Editor
Na iconografia desta exposição é apresentada uma fotografia da Família Abreu Lima (Margarida e Aldão) numa desfolhada em Guimarães, em 1898, e quatro fotografias do Conde d'Aurora:
– Feira de Ponte de Lima;
– Noivos do Minho;
– "Boi Bento" preparado para a Procissão do Corpo de Deus; e
– Bois enfeitados que acompanhavam o "Boi Bento".

 

Vídeo

"A Pintura de Sarah"

Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho

Por Ana Vasconcelos
Curadora da exposição


 

Curadoria:

Ana Vasconcelos

 

Texto e imagens:

Museu Calouste Gulbenkian

 

Horário:

Das 10:00 às 18:00 horas

Encerra à Terça-feira

Até 7 de Outubro de 2019

 

Preços:

Bilhete exposição – 3,00 €

Ao Domingo – grátis

 

Local:

Museu Calouste Gulbenkian

Coleção do Fundador – Galerias do Museu e Galeria do piso inferior

Av. de Berna, 45-A, Lisboa

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

Sugestões